A chegada do braile começou cedo na vida parauapebense Rayfran Pontes, 25 anos, que ficou cego aos 10 anos e teve o primeiro contato com a comunicação criada para a alfabetização de pessoas com deficiência visual. “Eu iniciei na quarta série, quando perdi a visão total e não conseguia mais copiar a matéria no quadro da escola. No início era bem precário, apenas uma sala de aula separada onde eu treinava o braille. Demorou cerca de 3 meses para eu aprender o alfabeto todo e ser alfabetizado”, conta Rayfran, que aprendeu a ler e escrever em braile no próprio município de Parauapebas.
Criado no século XIX e considerado uma revolução na comunicação de pessoas com deficiência visual, o sistema de leitura e escrita braile permite a comunicação das pessoas invisuais e sua integração na sociedade. No dia 4 de janeiro se comemora o dia mundial do Braille, data que marca também o nascimento de seu criador, Louis Braille.
Em entrevista ao Portal Carajás o Jornal, Rayfran afirma que hoje, mesmo com o avanço da tecnologia, o uso de Braille se faz necessário, uma vez que smarthphones e computadores não são suficientes para a integração do deficiente visual. “O Braille é importante principalmente para as crianças, que precisam ser alfabetizadas para se integrarem melhor a sociedade. Eu uso de tudo: celular, computador, tablet, mas reconheço que o Braille foi, e é muito importante”, explica Rayfran.
Rayfran é vice-presidente da Associação de Deficientes Visuais de Parauapebas (ADVP) e atualmente trabalha na prefeitura municipal, como técnico em informática adaptada, uma área específica para pessoas com deficiência. Além de trabalhar com tecnologia, Rayfran também é um grande campeão paraolímpico de judô, tendo conquistado seis medalhas de bronze nos Jogos Mundiais da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA, em inglês)
Reforçando a necessidade de mais políticas públicas em Parauapebas, Rayfran expõe ideias para melhorar a acessibilidade de pessoas cegas. “No caso do Braille seria importante que os estabelecimentos começassem a pensar nos deficientes visuais, um mural de informação em braile, por exemplo, é essencial. Às vezes você chega a lugares, como um restaurante, e não tem um menu em Braille. Isso é complicado porque aí o garçom precisa ler todo o cardápio para que o cego posso escolher algo. São coisas simples, mas que fazem toda a diferença e auxiliam o deficiente visual a frequentar esses espaços”, finaliza Rayfran Pontes.
Saiba mais:
O Braille é composto por 64 sinais, gravados em papel em relevo. O alfabeto utiliza combinações de 1 a 6 pontos para formar as letras do alfabeto, dando assim a capacidade de que pessoas cegas possam ler. O sistema é popular no mundo todo e ainda hoje é usado como forma oficial de escrita e de leitura das pessoas cegas. Estima-se que no Brasil existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e seis milhões com baixa visão, segundo dados da fundação com base no Censo 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Rayfran é vice-presidente da Associação de Deficientes Visuais de Parauapebas (ADVP) e atualmente trabalha na prefeitura municipal, como técnico em informática adaptada, uma área específica para pessoas com deficiência
Texto: Bruno Menezes
Fotos: Fernando Bonfim