Moradores da cidade de Barcarena, nordeste do Pará, realizaram um protesto em frente à empresa mineradora Hydro Alunorte na manhã desta quarta-feira (28). Eles cobraram a recuperação dos danos ambientais sofridos e reclamaram dos impactos ambientais e econômicos que a cidade sofreu com o vazamento de rejeitos.
De acordo com o morador José Antônio, de 37 anos, morador do bairro Murucupim, que fica cerca de 1 quilômetro de distância da refinaria Hydro, os poços de sua comunidade estão aparentemente com a água contaminada e algumas crianças começaram a apresentar vômito e diarreia após o consumo dessa água, além do que rios e igarapés estão apresentando uma coloração diferente da habitual.
“Estamos passando esta dificuldade lá. Técnicos da empresa disseram que iriam lá colher material hoje, mas deram uma volta pelo bairro com o líder comunitário, mas acabaram não colhendo nada”, completou José.
Segundo o morador, a empresa marcou uma reunião com a comunidade na próxima sexta-feira (2), dentro da empresa.
“Eles combinaram esta reunião conosco. Vamos ver o que vão falar, porque a nossa comunidade não está conseguindo consumir a água do poço e também estamos sofrendo porque a gente pesca no rio e igarapés para conseguir o nosso alimento, e com esta contaminação não estamos conseguindo mais”, concluiu José Antônio.
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Em nota, a Hydro Alunorte afirmou que não houve vazamento das áreas dos depósitos de resíduos sólidos. A empresa disse ainda que tem realizado diariamente reuniões de diálogos com as comunidades e que está comprometida com uma análise abrangente nas comunidades próximas à sua refinaria para analisa as condições da água nesta área de Barcarena. A Hydro disse que está comprometida em colaborar na busca de soluções que proporcionem o acesso permanente à água potável.
Entenda o caso
No dia 17 de fevereiro, fotos registraram vazamento de rejeitos de bauxita da bacia de depósitos da mineradora. Nos dias seguintes, órgãos dos governos estadual e municipal, além do Instituto Evandro Chagas, estiveram no local para vistorias. Fiscais da Semas fizeram uma inspeção na empresa e confirmaram que não houve nenhum vazamento ou transbordamento, mas notificou a empresa por verificar falhas no sistema de drenagem pluvial que precisariam ser corrigidas.
No dia 21 de fevereiro, a empresa se manifestou negando qualquer incidente, garantindo que a bacia se manteve firme, intacta e sem vazamentos.
No dia 22 de fevereiro, o laudo do Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou contaminação em diversas áreas de Barcarena, nordeste do Pará, provocada pelo vazamento das barragens de rejeitos de bauxita da mineradora norueguesa. “A empresa fez uma ligação clandestina para eliminar esses efluentes contaminados”, revelou Marcelo Lima, pesquisador em saúde pública do IEC.
Desde então, Ministério Público, OAB, Ministério do Meio Ambiente, deputados federais e Governo do Estado destacaram equipes para apurar os danos do acidente e dar suporte às comunidades atingidas.
Fonte: G1 Pará