O Ministério Público do Estado promoveu, na quarta-feira (3), o evento “Roda de Conversa: Trajetórias de luta e afeto escritas no útero da Amazônia”. O encontro reuniu mulheres autoras, militantes do movimento negro no Pará, artistas, acadêmicas, entre outras, além de integrantes do MPPA e público em geral, que participaram de um debate sobre questões como racismo estrutural, feminismo negro, transfeminismo e decolonialidade, desigualdades de raça, classe e gênero O evento foi realizado pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) e Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (NIERAC/CAODH).
Um dos objetivos do encontro foi divulgar o livro “Vozes Afroamazônidas: entre rios, terras e afetos”. Durante a Roda de Conversa as ativistas, autoras e colaboradoras da obra compartilharam experiências pessoais e conhecimentos sensíveis aos temas interseccionais, que contribuíram na construção do livro e são importantes na luta diária antirracista.
Integraram a mesa que conduziu a roda de conversa o Diretor-Geral do CEAF, promotor de Justiça Edvaldo Sales; a Coordenadora do NIERAC, promotora de Justiça Lílian Braga; a Doutora em Desenvolvimento Socioambiental, Girlian Silva de Souza; a idealizadora do Kitanda Preta, Alessandra Caripuna; a artista plástica e engenheira sanitarista e ambiental, Danielle Andrade; a Doutora em estudos linguísticos, Flávia Lisboa; e a jornalista e mestre em Comunicação Raissa Lenon Sousa.
O diretor-geral do CEAF, Edvaldo Sales, falou sobre a escolha do tema da roda de conversa. “a atividade de hoje fala sobre trajetórias de luta e afeto e decorreu de um trabalho que foi produzido pelas mulheres negras de Santarém e região, que foram condensados no livro ‘Vozes afroamazônidas: entre rios, terras e afetos’. A obra é um e-book distribuído gratuitamente e que debate temas ligados ao movimento negro, em particular as mulheres negras de Santarém e região. São temas como a mulher de terreiro, a mulher negra na política, a arte produzida pela mulher negra dentre outros”.
Uma das autoras do livro é a Promotora de Justiça e coordenadora do NIERAC, Lilian Braga. AEla destacou que a roda de conversa teve como objetivo o desenvolvimento de ações que estimulem a promoção da igualdade étnico-racial, como uma oportunidade estratégica para o desenvolvimento do debate sobre as temáticas interseccionais acerca das desigualdades de raça, classe e gênero, dando visibilidade às ações do NIERAC em apoio a iniciativas de combate ao racismo estrutural e a desigualdade de gênero.
“Esse livro tem um sentido político histórico extremamente importante, Eu queria muito chamar atenção de vocês para que tenham uma noção do que significa este momento que estamos vivendo agora, com o livro publicado por mulheres negras. É uma resposta política para o processo Colonial que passamos há mais de 500 anos e a colonialidade perpetua essas normatizações até hoje. Então é o sentido político que estamos promovendo e vivenciando, isso é muito importante”, destacou Flávia Lisboa, Doutora em estudos linguísticos, que integra o Grupo de Pesquisa Cultura, Identidades e Dinâmicas Sociais na Amazônia Oriental Brasileira e o Grupo de Estudo Mediações, Discurso e Sociedades Amazônicas.
Já para a graduanda em Administração, afroempreendedora e idealizadora do Kitanda Preta, Alessandra Caripuna,“luta-se muito para chegar onde chegamos e se chegamos, precisamos ficar, permanecer”. Ela afirma que é “importante refletir sempre sobre a estrutura racial que persegue a população negra, pois é visível que nos espaços de poder, não há equilíbrio racial”.
Sobre o livro, Alessandra aponta: “Nós falamos muito de afetividade, não só de afeto, mas de afetar as pessoas com sua afetividade. Você consegue transformar o espaço que você está? Se encha de afeto de forma que você possa transformar você e os lugares”.
Assessoria de Comunicação