A pesquisa Datafolha publicada nesta quinta-feira (6), em que 71% dos entrevistados avaliaram em ruim ou péssimo o governo de Dilma Rousseff, um recorde de desaprovação, mostra que apenas ter uma agenda positiva de eventos e discursos não é o suficiente para a presidente reverter o quadro de popularidade.
Diante de uma grave situação econômica, que demanda muito mais tempo para dar sinais de recuperação, só um gesto mais ousado e radical da presidente pode levar o governo a melhorar a percepção diante da sociedade.
A pesquisa Datafolha mostra queda sistemática na avaliação do governo, que tem apenas 7 meses, sem qualquer indicativo de que possa haver uma melhora. Na avaliação de governistas, a economia é o motivo fundamental para esse resultado, mas já há o reconhecimento de que a crise política está alimentando as dificuldades econômicas e impedindo o governo de tomar medidas para a retomada do crescimento. As sucessivas revisões sobre a expectativa do PIB, sempre aumentado a retração, mostram a gravidade e a dificuldade do cenário.
A crise econômica junto com a baixíssima popularidade da presidente são fatores que fazem ruir a base de sustentação do governo. O apoio dos partidos ditos aliados tem sido apenas formal e não tem se reproduzido nas votações, especialmente na Câmara dos Deputados.
Por isso mesmo, há dentro do governo a ideia de refazer a base para que ela seja, ainda que menor, mais fiel. A soma das bancadas dos partidos aliados teoricamente daria um apoio de mais de 400 deputados. No entanto, o governo não conseguiu sequer pouco mais de 200 votos para barrar um requerimento que mudava a pauta de votações na Câmara.
Uma ideia já alimentada no Palácio do Planalto é reduzir o número de ministérios, de modo que a composição da Esplanada reflita a representação daqueles partidos que efetivamente estejam dispostos a defender o governo. Umaproposta nesse sentido está sendo preparada pelo Ministério do Planejamento, por ordem da presidente, e, se houver condições políticas para ser adotada, poderá ser anunciada nos próximos dias.
Há também a sugestão para que o governo reconheça os erros cometidos, coisa que a presidente Dilma evita fazer, apesar de muitos conselhos a esse respeito já terem sido apresentadas a ela. Na quarta-feira (5), o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, chegou a ensaiar algo parecido, mas de maneira ainda discreta. Após participar de audiência pública na Câmara, ele disse que o governo cometeu erros, sem especificar quais.
Fonte: G1 Notícias