É praticamente impossível definir, em poucas linhas, o que é Yoga. A palavra origina-se da língua sânscrita e significa, basicamente, unir, integrar… Dessa forma, pode ser resumida como uma filosofia que reconhece que mente, corpo e espírito interagem. Porém, é fato que a prática vai muito além desse entendimento.
Consuelo Lima, professora de Hatha Yoga do Coletivo Bombo, comenta que Yoga é uma filosofia milenar, “que tem o objetivo de conduzir o praticante a um estado de paz e quietude, colocando-o em contato consigo mesmo”.
Para Edson Ramos, professor de Yoga do Espaço Nirvana, o significado da palavra em si é união, mas, “Yoga nos leva a uma viagem através da arte, da superação pelo exercício físico, pelo estado de paz e relaxamento, entre outros aspectos e benefícios”.
“Segundo lendas mitologias, o Yoga surgiu na terra vindo através dos deuses hindus, que o deixaram aqui para que os seres humanos pudessem ter uma forma de evoluírem como seres conscientes”, comenta Ramos.
“Outros afirmam que, certa vez, o Deus Shiva (um dos aspectos da trindade hindu) ensinava sua esposa Parvati as posições (asanas) do Yoga à beira de um lago, quando um peixe (matsya), que observava Shiva e Parvati praticando os exercícios, os imitou e evoluiu até se transformar em homem”, acrescenta Ramos.
Vertentes do Yoga
São incontáveis as vertentes que o Yoga possui hoje, mas, no ocidente, as mais conhecidas são:
Hatha Yoga: foca mais na saúde do corpo, sem tanto aprofundamento filosófico. Por meio de exercícios físicos e respiratórios, além de técnicas de meditação e de relaxamento, a pessoa aprende a se movimentar de forma mais consciente e também a respirar de modo mais tranquilo e profundo.
Ashtanga Yoga: é uma prática mais vigorosa, que exige um grau cada vez maior de força, flexibilidade e consciência. É indicada especialmente para que tem resistência para atividades físicas e deseja trabalhar bastante o corpo.
Iyengar Yoga: é um método bastante baseado no alinhamento do corpo. O uso de blocos, cintos, cadeiras etc. possibilita a qualquer praticante se aprofundar mais nas posturas, ou ainda, adaptá-las, o que potencializa também o uso terapêutico da prática.
Vinyasa Yoga: como outros tipos de Yoga, Vinyasa deriva, primariamente, do Hatha Yoga, se distingue, porém, devido às transições e planejamento das posturas. Uma aula depende muito da individualidade de cada professor, mas, de forma geral, pode-se esperar uma aula sempre diferente, alinhamentos bem explicados e muito movimento.
Desmitificando ideias sobre o Yoga
É fato que a prática de Yoga ainda causa muitas dúvidas e, por isso, vira e mexe surgem ideias equivocadas e até alguns mitos sobre o assunto: “Yoga é uma religião”, “Somente pessoas que já têm muita flexibilidade conseguem praticar” são alguns dos exemplos.
Consuelo destaca que Yoga é autoconhecimento. É um estilo de vida. “E isso independe de religião, por exemplo. A flexibilidade, a agilidade, o melhor controle de sua respiração e outros benefícios são adquiridos com a prática e com a própria entrega ao Yoga”, diz.
“O Yoga pode ser encarado como um ‘FIM’, no qual o objetivo final do praticante é o Samadhi constante, ou seja, o iluminar-se, libertar-se, controlar-se, servir etc., mas também pode ser encarado como um ‘MEIO’, considerando-o como um caminho para atingir/entrar o Samadhi, através dos rituais, das técnicas, das teorias, práticas, estudos, esforços etc.”, acrescenta Consuelo.
Ramos ressalta que muitas pessoas têm utilizado o Yoga como uma ferramenta para ajudar a reduzir o estresse do dia a dia. “Através das técnicas meditativas e respiratórias, o praticante consegue a diminuição desse estresse, proporcionando relaxamento, redução da ansiedade e um melhor controle emocional”, diz.
“Yoga não é considerado um esporte, o praticante utiliza o seu próprio corpo para conseguir atingir estados elevados de consciência. Alguns praticantes chegam até o Yoga buscado uma atividade física, mas, com o passar do tempo acabam descobrindo sua profundidade”, explica Ramos.
“Para se praticar Yoga não é necessário seguir uma religião, ter flexibilidade ou qualquer um desses mitos que criou-se ao longo do tempo. Yoga é indicado para todas as pessoas sem exceção”, acrescenta o professor.
Como é uma aula de Yoga?
Cada professor pode ter suas particularidades na hora de conduzir uma aula, mas, de forma geral, Ramos explica como é feita a aula de Yoga:
1. Meditação guiada. Ramos explica que, geralmente, as aulas de Yoga começam com um tempo entre 5 e 10 minutos de uma meditação guiada, “com o objetivo de aquietar a mente e criar conexão com a prática”.
2. Aquecimento prévio. “Após isso, temos mais alguns minutos de exercícios simples visando um aquecimento prévio”, diz.
3. Asanas. De acordo com Ramos, em seguida vem os Asanas (posturas) de pé, sentado e deitado.
4. Relaxamento. “Feita a parte física, o praticante é conduzido por um relaxamento profundo para poder assimilar os efeitos da prática e poder descontrair o corpo”, explica o professor.
5. Pranayamas. De acordo com Ramos, a prática é finalizada com os Pranayamas (exercícios respiratórios) e de meditação. “Alguns professores acrescentam cantos com mantras ou leitura de algum texto antigo com os ensinamentos do Yoga”, acrescenta.
No caso do Hatha Yoga, conforme explica Consuelo, a aula pode ser dividida em quatro grandes etapas:
- Interiorização;
- Pranayama (Controle da respiração);
- Asanas (Posturas);
- Relaxamento.
“Vale destacar que as aulas podem variar de acordo com a turma e horário da prática”, comenta a professora.
“As aulas de Hatha Yoga trabalham o alinhamento postural, a consciência corporal e respiratória, a flexibilidade e o fortalecimento muscular. Possuem duração de uma hora”, acrescenta Consuelo.
Para quem é indicado?
Consuelo destaca, primeiramente, que qualquer pessoa pode praticar Yoga: crianças, adolescentes, adultos, gestantes, terceira idade. “Não há contraindicações. Um bom professor deve conhecer o seu aluno, entendendo suas limitações e adaptar a prática do Yoga a elas. Uma boa ferramenta para tal é a aplicação de uma ficha de anamnese e a própria observação do professor. Por sua vez, um bom praticante deve aprender a conhecer e a ‘ouvir’ o seu próprio corpo. A questão maior é executar os asanas com atenção e não com tensão. Isso torna a prática muito mais confortável e benéfica”, diz.
Para Ramos, todos podem e devem praticar Yoga, “mas, como toda atividade física, é necessário e indicado fazer uma entrevista prévia com o professor que irá ministrar a aula. Essa entrevista visa saber se o praticante possui alguma lesão ou patologia que necessite de adaptação ou substituição de alguma técnica”, acrescenta.
Yoga para iniciantes: 14 dicas dos profissionais
Muitas pessoas têm interesse em conhecer melhor a prática, mas, não sabem “por onde começar”. Abaixo, os professores dão suas principais dicas:
- “O iniciante deve respeitar o seu corpo e sempre tentar cuidar da sua integridade física. Força e flexibilidade são fatores que precisam de tempo”. (Edson Ramos)
- “Observe sempre como está a sua respiração e faça dela o combustível do seu crescimento dentro da prática de Yoga”. (Ramos)
- “Hoje a maioria dos espaços e academias possui equipamentos e acessórios que auxiliam os iniciantes na prática”. (Ramos)
- “No Yoga transpiramos bem mais do que muita gente pensa, por esse motivo é indicado que o aluno tenha o seu próprio tapete de prática”. (Ramos)
- “Para começar você tem que querer e estar aberta a novas experiências trazidas com o processo do autoconhecimento que o Yoga promove”. (Consuelo Lima)
- “Para pessoas com algum problema crônico de saúde é recomendável que consulte o seu médico, porém, a prática sempre pode ser adaptada para que seja a mais confortável e benéfica possível ao praticante”. (Consuelo)
- “Outro passo importante para quem quer começar a praticar é procurar por um bom professor. Dê preferência para alguém formado ou que esteja realizando um curso de formação de professores”. (Consuelo)
- “É importante atentar-se que o Yoga é um processo, uma estrada a ser percorrida, é dia após dia. Portanto, é primordial que o iniciante tenha consciência da importância da auto-observação, e da responsabilidade em ações e pensamentos enquanto se pratica”. (Consuelo)
- “A atenção deve ser redobrada à respiração. Ela deve ser consciente, profunda, lenta e ritmada durante toda a prática”. (Consuelo)
- “Outra dica importante é quanto ao uso de roupas leves e confortáveis, que facilitem os movimentos do corpo. Bermudas e blusas curtas são melhores para a prática, já que permitem transpirar e verificar o alinhamento exato do corpo”. (Consuelo)
- “Meias, colares, anéis, brincos, relógios e outros acessórios durante a prática devem ser evitados”. (Consuelo)
- “Procure dar um bom intervalo entre a última refeição e o horário da sua prática (no mínimo duas horas). Água pode ser tomada em pequena quantidade antes da prática, caso seja necessário. Não beba água durante a prática e espere o final do relaxamento para fazê-lo”. (Consuelo)
- “No caso de condições de saúde especiais, machucados ou dores em articulações, é de suma importância que o seu professor seja avisado antes do início da aula. Respeito aos limites do corpo e aos sinais que ele dá durante e após a prática é regra básica para uma boa prática”. (Consuelo)
- “O material de extrema necessidade é o tapetinho de Yoga, chamado Mat. Geralmente os locais que trabalham com o Yoga possuem e disponibilizam o material aos alunos. Porém, com o tempo é natural e recomendável que você tenha o seu próprio tapete, assim é possível também praticar em outros ambientes fora da aula”. (Consuelo)
Fonte: dicasdemulher.com.br