A egressa Edna Tavares, de 54 anos, passou mais de 8 anos custodiada no Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua. Hoje, ela diz que só tem uma certeza: a de que não quer voltar para a vida do crime.
“No primeiro dia em que eu acordei no presídio eu já tive certeza que não era ali que eu queria ficar e quase entrei em depressão por causa disso, mas tinha consciência de que fiz algo errado e precisava pagar por isso, então me conformei e a partir daí decidi mudar de vida até chegar o dia da minha saída definitiva do cárcere”, disse a egressa.
Após cumprir toda a pena estipulada pela Justiça, Edna entrou em contato com a Coordenadoria de Assistência ao Egresso e Família (CAEF) da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) para conseguir um emprego.
“Ela nos falou sobre a vontade de ter o próprio negócio e nós apresentamos a ela o CredCidadão, que é um programa do Governo do Estado, que permite a geração de renda por meio do microcrédito aos micro e pequenos empreendedores, gerando renda, emprego e estimulando a cidadania. Somente em 2017 mais de 3 milhões de reais já foram investidos através do programa”, explicou Neide Azevedo, coordenadora da CAEF.
Com R$ 3.500,00 que fez de empréstimo no programa de microcrédito, Edna montou uma venda de confecções. Ela investiu o dinheiro em uma viagem para fazer a compra das roupas e vender em Belém. O empreendimento deu tão certo, que hoje a egressa já pensa em novos investimentos.
“Eu fui até Fortaleza para comprar roupas e vender em Belém. A partir daí comecei a ter muitas encomendas e fui vendendo bem o que tinha, foi um excelente investimento e que me fez mudar de vida. Não preciso de muito, pois das três filhas que tenho duas já estão casadas. Só uma de 15 anos mora comigo e é para ela que eu trabalho e tento dar uma vida melhor. Já estou pensando em pegar um segundo empréstimo e abrir uma esmalteria. Todos esses sonhos só estão sendo possíveis, porque a Susipe me ajudou a abrir portas”, avaliou Edna.
No Brasil, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sete em cada dez presos que deixam o sistema penitenciário voltam ao crime, uma das maiores taxas de reincidência do mundo que chega a 70%.
De acordo com o Ivaldo Capeloni, diretor de Reinserção Social (DRS) da Susipe, atualmente existem mais de 30 convênios com instituições públicas e privadas, que ofertam mais de 500 vagas de trabalho a presos. Mais de 26% da população carcerária está envolvida em atividades educacionais e 16% da população carcerária em atividades laborais. A taxa de reincidência criminal para pessoas que estão envolvidas nessas atividades é de apenas 9%.
“As pessoas que conseguimos colocar dentro de uma sala de aula ou de um emprego estão com a cabeça ocupada, elas só estão pensando em melhorar, de como ampliar seu negócio, elas tem um objetivo na vida e não pensam em voltar ao mundo do crime, por isso a taxa de reincidência criminal é tão baixa. Estamos evoluindo muito nesse aspecto e estamos acima da média nacional”, destacou o diretor.
Segundo Neide Azevedo a expectativa em 2018 é capacitar e possibilitar mais oportunidades para que egressos do sistema penitenciário possam tonar-se novos empreendedores.
“Temos uma fila de mais de 60 egressos que ainda esperam para ter seu próprio negócio e ser reinseridos no mercado de trabalho. Para 2018 estamos articulando um convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para oferecer cursos e palestras para os egressos, na área de empreendedorismo, para que eles possam se qualificar e façam um bom uso do investimento que fizerem”, finalizou a coordenadora do CAEF
Com R$ 3.500,00 que fez de empréstimo no programa CredCidadão, Edna Tavares, de 54 anos, montou uma venda de confecções
Agência Pará – Por Timoteo Lopes