As Forças Armadas querem estrangular o crime organizado, fechando as rotas de entrada de armas e drogas no Rio, com o uso de Exército, Marinha e Aeronáutica. Essa é parte da estratégia definida pelos militares para a atuação no Estado até 31 de dezembro – prazo da intervenção federal aprovada ontem no Congresso.
Nessa estratégia, caberá ao Exército bloquear acessos com postos de revista em três níveis. O primeiro será perto das divisas, em estradas como as BRs 101, 116 e 040. O segundo nível de bloqueio será feito no Arco Metropolitano (BR-493) e, por fim, o terceiro deve ocorrer na entrada de áreas dominadas por grupos armados, em uma estrutura parecida com a ação nas Favelas do Chapadão, na zona norte do Rio, e Kelson’s, na Penha.
Os planos reservam para a Marinha a fiscalização na Baía de Guanabara e no porto para controlar navios e contêineres. Embarcações que ancoram afastadas para esperar a fila do porto e as de passeio e de pesca também serão alvo de vigilância. A Aeronáutica e a Receita vão cuidar do Aeroporto Tom Jobim.
Para os militares, a geografia do Estado facilita o controle das entradas e saídas. Segundo um general ouvido pelo Estado, o “planejamento seguirá essa lógica”. O Comando Militar do Leste (CML) vai procurar a CCR, concessionária que administra a Via Dutra, para ter acesso às câmeras da estrada.
Com a intervenção na Segurança Pública do Rio, o Exército passou a agir em quatro áreas: operacional, administrativa, jurídica e política. Por enquanto, as ações nas ruas vão seguir o planejamento com base no decreto sobre a Garantia da Lei e Ordem (GLO), em vigor desde agosto de 2017. Esse foi o caso da ação de anteontem e de ontem, que levou à prisão de 11 pessoas e à apreensão de 6 armas, além de veículos e drogas.
Desde 2017, o CML planejava essa ação para combater o roubo de cargas. Os bloqueios foram montados em Resende e em Paraty e na bifurcação da Dutra que dá acesso à região do Chapadão. O general detalhou que seis acessos para caminhões já foram fechados, assim como os da Kelson’s.
Ainda não há definição se os futuros pontos de bloqueios serão fixos ou móveis e quanto tempo vão durar. Ontem, a operação foi suspensa no fim da tarde. Falta também definir como será a atuação de tropas do CML estacionadas em Minas e no Espírito Santo e a relação com as polícias do Sudeste.
Fonte: Estadão