Maria de Jesus Ferreira Bringelo faleceu na madrugada desta sexta-feira (14), vítima de infarto fulminante. Dona Dijé, que é figura histórica, referência na luta pelos direitos dos povos e comunidades tradicionais do Brasil, deixa um legado de lutas, sabedoria e conquistas sociais aos mais diversos povos tradicionais brasileiros.
Dona Dijé morreu no mesmo lugar onde nasceu, em uma comunidade do interior do Maranhão, três dias após ser empossa como conselheira dos povos e comunidades tradicionais, em Brasília. Esta e tantas outras representa uma das grandes lutas da liderança, que visava à regulamentação do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, órgão colegiado de caráter consultivo que representa hoje mais de cinco milhões de pessoas no Brasil.
Dona Dijé também foi uma das fundadoras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, que reúne mais 300 mil mulheres que vivem de renda da extração do babaçu nos estados do Piauí, Maranhão, Pará e Tocantins.
Em nota de Pesar emitida na manhã desta sexta-feira o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu lamentaram profundamente a partida de Dona Dijé.
Veja nota na íntegra:
Uma mãe palmeira se despede
A notícia que não queríamos dar. Esta noite perdemos uma grande mãe, avó e liderança que faleceu de infarto fulminante a Dona Maria de Jesus Brigelo, Dona Dijé. Mulher negra quilombola, quebradeira de coco babaçu e de ser humano e um referencial para a luta dos povos e comunidades tradicionais. Uma profunda tristeza invade nossos corações e custamos acreditar que não mais compartilharemos de seu sorriso, de sua adorável companhia e de seu jeito firme e suave de se posicionar.
Fica a história, o aprendizado e o exemplo de quem sempre lutou pelos direitos das mulheres, dos quilombolas, dos indígenas, dos PTCs e de quem sempre lutou pelo acesso livre ao território.
Como ela mesma falava “nós queremos o território para nascer, crescer, germinar e morrer” e foi assim, no quilombo Monte Alegre que ela se despediu, nós e as florestas de babaçuais sentimos a sua falta. Segue Mãe Palmeira, teu caminho. Tua trajetória foi vitoriosa e teus ensinamentos já fizeram e reforçaram a luta pela dignidade e liberdade dos povos.
Dijé presente.
Com pesar, Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, movimento formado por mulheres extrativistas dos estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins.
(Texto Ingrid Cardoso com informações de O Globo)