A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte da comerciária Dayse Sousa e Silva e indiciou o agente de trânsito do Detran, Diógenes dos Santos Samaritano, por feminicídio. O crime aconteceu no último dia 31 de março, na casa onde o casal vivia com um filho pequeno, que agora está com a avó materna.
Em tese, se condenado em tribunal do Júri com base no Art. 12, §2º, e IV do Código Penal Brasileiro, ao qual está sendo indiciado, Samaritano pode pegar até 30 anos de prisão.
Para a Polícia Civil, dois fatos deixaram claro que Dayse não cometera suicídio e sim foi morta pelo companheiro. O Primeiro fato é que as informações do suposto suicídio foi repassada às autoridades pelos advogados do Agente, o que soou estranho para a polícia, pois a reação esperada de alguém que presenciou sua mulher tirar a própria vida é pedir socorro: entrar em conto com o SAMU, ou familiares, por exemplo, imediatamente. O que não aconteceu. O acusado entrou em contato com os advogados e eles tomaram esta iniciativa.
O segundo ponto intrigante é o silêncio de Samaritano, que diante de uma tragédia familiar a qual ele é o principal acusado, preferiu não falar nada para a polícia. “Ele usou do direito ao silêncio na delegacia. Geralmente quando uma pessoa está encrencada e não sabe qual a linha de defesa vai adotar, ele usa o silêncio e o silêncio não pode ser interpretado em desfavor, em prejuízo do acusado, mas são compartimentos de condutas humanas que não se coadunam com a defesa de suicídio”, analisa o advogado, Ricardo Moura, que atua como assistente de acusação no caso.
“Como é que uma pessoa comete suicídio, jogando-se da janela do seu quarto, e a pessoa mais próxima, que é o marido, não comunica a autoridade, mas sim o seu advogado? Ou seja: Por que esse temor de ele diretamente não comunicar a autoridade policial? Outra coisa: Por que esse temor de ele não colaborar com os fatos, alegando o que ele sabe? Ou seja, por que ele se escondeu por trás do direito do silêncio? São duas incógnitas que chamaram atenção da autoridade policial”, questiona.
Ainda de acordo com o advogado, o inquérito já foi encaminhado ao Poder Judiciário, que, por sua vez, já remeteu ao Ministério Público, para o possível oferecimento de denúncia. “Nosso temor era que a polícia capitulasse como homicídio qualificado e não como feminicídio. Ainda bem que ele [o delegado] entendeu que os fatos têm a ver com a questão de gênero”, comentou o advogado.
Segundo o advogado, uma junta de 10 advogados de Marabá e Parauapebas está atuando na assistência da acusação, na tentativa de evitar que o caso caia no esquecimento. “Nós estamos com esperança de que no mais tardar, até semana que vem, o Ministério Público apresente a denúncia e o juiz já despache, determinando a citação do Diógenes para que apresente sua defesa”, disse.
(Com informações do Portal Correio de Carajás)