Cerca de 300 índios Xikrins se reuniram em frente ao Fórum de Parauapebas na manhã desta quarta-feira, 15, para reivindicar a ampliação da Casa de Apoio ao indígena, em Carajás. A casa, que existe há mais de 30 anos, faz parte de um convênio mantido pela mineradora Vale, desde 1986, com a implantação do projeto Carajás, onde é realizado todo o acompanhamento de saúde dos índios.
Dr. Diogo Lima, advogado representante dos indígenas
Em entrevista, o advogado, Dr. Diogo Lima, representante dos indígenas, disse haver um impasse entre a Vale S.A e as quatro tribos que fazem uso da casa de apoio, uma vez que, a mineradora se comprometeu apenas em reformar a Casa de Saúde, porém a decisão está em desacordo com a necessidade dos índios, que reivindicam também a ampliação do espaço, pois, segundo eles, somente a reforma não atenderá às necessidades básicas de saúde dos índios. “A Vale entrou com uma ação na Justiça Comum pedindo a reintegração da Chácara onde funciona a Casa de Apoio, para reformar o espaço, porém os índios não querem desocupar o espaço por não concordar apenas com a reforma, reivindicando também a ampliação”, explicou,
O advogado explicou ainda que os índios vêm buscando um diálogo entre a mineradora Vale, responsável pela construção e reforma da unidade de apoio à saúde indígena e prefeitura, para que a casa de saúde seja reformada e ampliada. Segundo eles a Mineradora se negou a realizar a ampliação do espaço, concordando apenas em reformá-la.“A Vale nunca quis a ampliação, o que ela se propôs a fazer foi apenas a reforma. Os índios não confiam na empresa, porém com a intermediação do Ministério Público e Justiça, eles vão chegar a um consenso e se tiver que reformar e ampliar pode ser que eles devam sair, não tenho certeza”, explicou o advogado.
Em consonância com o advogado Diogo Lima, o cacique Bepkrokoti, representante de uma das quatro aldeias Xikrins da região reforçou a inconformidade com a decisão da mineradora Vale. “Nós queremos que a Vale faça uma construção e não apenas reforme o espaço, pois aumentou o número de índios nas quatro aldeias e a casa de apoio não consegue mais nos atender como antes”, disse o Cacique.
Ainda segundo o advogado nenhuma decisão foi tomada durante a manifestação, mas em reunião com representantes da prefeitura, Vale, prefeitura e Justiça, uma audiência será realizada na segunda-feira, 21,para tratar sobre a reforma da chácara onde funciona a casa de apoio e para isso a Vale pede a reintegração de posse, porém os índios não querem desocupar.
Prefeito Darci Lemen frisou, em entrevista coletiva, que as partes envolvidas devem entrar em consenso atender as necessidades dos índios
O prefeito Darci Lermen também esteve mediando a reunião,de acordo com ele, o momento é de negociação e entendimento, porém o que for decidido, na audiência do dia 21, deverá atender as necessidades dos indígenas. “Estamos em um momento de negociação para que, no momento em a casa de apoio estiver em construção, eles possam vir para uma unidade de Parauapebas. Há um princípio de resistência para não descerem, porém como se trata de saúde é provável que eles concordem. Estamos tendo uma conversa muito boa com eles com relação a isso”, disse o prefeito reforçando o compromisso do governo municipal com as tribos Xikrins. “Com os índios nós temos um convênio significativo em dinheiro para poder custear algumas despesas deles, já recuperamos as estradas, estamos recuperamos 14 pontes, além de assistência social, como saúde e educação”, disse.
“Esta é uma discussão boa, pois também deve aproximar ICMBio, Prefeitura e Vale. Isso que estamos construindo aqui, e nós enquanto prefeitura e Vale, é para definir o que é melhor para os índios, pois todos nós queremos o bem deles”, finalizou.
Xikrins dançavam em frente ao Fórum, enquanto seus representantes, juntamente com representantes da Vale e prefeitura reuniam com juiz
(Ingrid Cardoso)