Durante uma coletiva de imprensa realizada na tarde de quinta-feira, 24, a Vale anunciou que iniciará em novembro a fase de testes para a implantação de dois caminhões fora de estrada autônomos na mina de Carajás. A inovação vem aliada à ações de desenvolvimento e capacitação dos profissionais da mina para acompanhar a tendência mundial da Quarta Revolução Industrial, também chamada de indústria 4.0.
Primeiro Caminhão Autônomo
Até 2023 a Vale espera operar com 40% da sua frota com caminhões autônomos
Na operação autônoma, os caminhões são controlados por sistemas de computador, GPS, radares e inteligência artificial e monitorados por operadores em salas de comando a quilômetros de distância das operações, o que traz ainda mais segurança para a atividade.
Funcionário Vale operando uma Perfuratriz autônoma
Centro de treinamento da Komatsu
Ao detectar riscos, os equipamentos paralisam suas operações até que o caminho seja liberado. Os sensores do sistema de segurança são capazes de detectar tanto objetos de maior porte, como grandes rochas e outros caminhões, bem como seres humanos que estejam nas imediações da via.
Luciano Cajado Gerente de Transformação Digital
Guilherme Santos Diretor Executivo Komatsu
Para capacitar os funcionários que já trabalham operando o caminhão de forma tripulada, foi implantado um Centro de Treinamento, sendo o primeiro que a Komatsu abre no mundo dedicado a tecnologia autônoma. Guilherme Santos, Diretor Executivo da Komatsu, em entrevista, falou sobre a importância da implantação do Centro de Treinamento e da formação desses profissionais que já operam as máquinas. “Para que a tecnologia autônoma funcione de forma segura e atinja as metas de performance e produção, é muito importante que exista o equilíbro, entre a tecnologia e pessoas e o equilíbrio entre tecnologia e conhecimento. Considerando a nossa experiência em implementar o caminhão autônomo em vários países, há vários anos, nós tomamos conhecimento que o mais importante é começar pelo treinamento consistente e focado para que as pessoas tenham uma familiarização muito rápida com o caminhão autônomo. Nós tomamos a decisão de, antes mesmos de começar a implementar os testes aqui em carajás, implementar o Centro de Treinamento aqui em Parauapebas que já está operativo. São mais de 200 profissionais a serem treinados, temos capacidade de treinar 10 pessoas simultaneamente, utilizando simuladores”, disse.
A nova tecnologia, além de inovação e contribuição com o meio ambiente, também traz inclusão, pessoas com deficiência e mulheres grávidas poderão operar o caminhão de uma sala climatizada. “Essa tecnologia já está disponível no mercado há 10 anos, e agora vimos a importância de adotar aqui nas nossas operações para garantir ainda mais a nossa competitividade, além de trazer mais inclusão, pessoas cadeirantes e mulheres grávidas podem operar essa máquina de uma sala climatizada. A pesquisa em torno dessa tecnologia aqui na Vale já existe há seis anos. Foram investidos 68 milhões de reais em tecnologia, estamos iniciando o teste com duas máquinas até junho de 2020 e até o final de 2020 estará operando com 8 máquinas, nosso plano é que até 2023 estejam operando 37 máquinas que corresponde a 40% da nossa frota”, explicou Luciano Cajado, Gerente de Transformação Digital.
Os treinamentos, de início, serão para funcionários Vale e Komatsu, numa segunda etapa será feito alianças com entidades de ensino para que estudantes sejam capacitados para operar a tecnologia autônoma.
De acordo com o Diretor o Corredor Norte da Vale, Antônio Padovezi, além do fator segurança, o uso de equipamentos autônomos em Carajás, maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo, garantirá maior sustentabilidade para a mineração brasileira. “É mais um avanço que traz ganhos sociais, ambientais e econômicos, reduz a exposição dos empregados a riscos, aumenta a competitividade, reduz a emissão de gases poluentes e ainda impulsiona uma capacitação e evolução das competências profissionais, acompanhando uma tendência natural, vivenciada hoje no mercado em todo o mundo”, diz Padovezi.
Um outro projeto que já está em funcionamento é o de operação autônoma das perfuratrizes, que teve início em julho de 2018, hoje das 11 perfuratrizes em operação na mina de Carajás, 3 funcionam de forma autônoma. Parte da equipe foi realocada para a gestão e controle dos equipamentos autônomos e outra parte assumiu novas ocupações oriundas da tecnologia ou foram realocados para outras áreas.
Carlos Refribom, Editor Responsável pelo Portal Carajás o Jornal, pôde ver de perto como funciona o simulador
A Vale espera conseguir aumento da vida útil de equipamentos da ordem de 15%. Estima-se ainda que o consumo de combustível e os custos de manutenção sejam reduzidos em 10% e que haja um aumento da velocidade média dos caminhões. A operação autônoma também traz relevantes benefícios ambientais. A economia de combustível usado nas máquinas resulta em volume mais baixo de emissões de CO2 e particulados e ainda reduz a geração de resíduos como peças, pneus e lubrificantes.