As vendas do comércio varejista caíram 2,5% em março, na comparação com fevereiro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se do pior resultado para meses de março desde 2003, quando o setor caiu 2,7%, e da menor taxa mensal desde janeiro de 2016 (-2,6%).
Na comparação com março de 2019, o comércio varejista recuou 1,2%. Foi a primeira queda na comparação anual após 11 meses consecutivos de altas.
O IBGE também revisou a taxa de fevereiro, em relação a janeiro, de 1,2% para 0,5%.
Com a forte queda em março, o comércio passou a acumular alta de 1,6% no ano e 2,1% nos últimos 12 meses. O patamar de vendas passou a ficar situado 7,4% abaixo do recorde alcançado em novembro 2014. Em fevereiro, essa distância era de 5,1%.
O resultado de março reflete a baixa demanda e a fraqueza da economia, e mostra os primeiros impactos da pandemia de coronavírus no país, com boa parte das lojas fechadas ou funcionando apenas no sistema delivery. Vale lembrar ainda que o início das medidas restritivas e do período de confinamento não atingiu todo o mês de março e que perspectiva é de um tombo ainda maior em abril.
Queda de 2% no 1º trimestre:
Segundo o IBGE, o comércio encerrou o primeiro trimestre do ano com uma queda de 2% na comparação com o quarto trimestre de 2019. Foi a queda mais intensa desde o 1º trimestre de 2016, quando caiu 2,7%.
Veja o desempenho de cada atividade do varejo em março:
- Combustíveis e lubrificantes: -12,5%
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 14,6%
- Tecidos, vestuário e calçados: -42,2%
- Móveis e eletrodomésticos: -25,9%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 1,3%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -36,1%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -14,2%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -27,4%
- Veículos, motos, partes e peças: -36,4% (varejo ampliado)
- Material de construção: -17,1% (varejo ampliado)
O pesquisador enfatizou que das seis atividades com em queda, cinco foram diretamente impactadas pelas medidas adotadas por estados e municípios com o fechamento de comércio de serviços não essenciais. A exceção foi para a atividade que combustíveis e lubrificantes, que não foi impactada pelo fechamento de estabelecimentos, mas foi diretamente impactada pela menor circulação de pessoas e menor demanda.
Segundo o IBGE, do total de 36,7 mil empresas da amostra da pesquisa, 14,5% relataram impacto do isolamento social em suas receitas, que se iniciou em algumas capitais a partir da segunda quinzena de março.