Não há negócios na bolsa brasileira hoje nem no Tesouro Direto devido ao feriado nacional de Corpus Christi), mas isso não significa que os investidores por aqui se desligam completamente dos mercados financeiros.
Lá fora, o clima predominante é de cautela com os investidores ainda repercutindo as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, que sinalizaram certo pessimismo com a retomada da economia no pós-pandemia.
Ontem, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a recuperação econômica terá “um longo caminho”, apesar de reafirmar a intenção do banco central de fornecer estímulos à economia enquanto for necessário e manter a taxa de juros próxima a zero até pelo menos 2022.
Powell disse que a direção da economia ainda parece “altamente incerta”, que “vamos aprender muito” nos próximos meses, à medida que as empresas continuam a reabrir. “A principal coisa que as pessoas precisam entender”, disse Powell, é que ainda resta “muito trabalho” a ser feito, já que há milhões de pessoas que ainda estão desempregadas.
Além disso, paira nos mercados forte preocupação com os riscos de uma segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus nas economias que estão afrouxando suas regras de isolamento social, como Europa e EUA.
Neste cenário, os índices dos EUA operam em forte queda. Se mantido esse ritmo, os índices Dow Jones e S&P 500 podem ter seu 3º dia seguido de perdas.
Veja como estavam os índices às 15h51:
- Dow Jones: -6,17% (25.324 pontos)
- S&P 500: -5,47% (3.016 pontos)
- Nasdaq: -4,82% (9.537 pontos)
As quedas foram ampliadas após a divulgação de dados de seguro-desemprego nos EUA. Mais 1,542 milhão de pessoas solicitaram seguro-desemprego na semana passada. Economistas consultados previamente pelo “Wall Street Journal” esperavam 1,595 milhão de novos pedidos.
O resultado mostra que o número de solicitação pelo auxílio a desempregados nos EUA continua caindo, já que na semana anterior foram 1,8 milhão de pedidos. No entanto, as reivindicações continuam altas e bem acima dos níveis pré-pandemia, o que gera conflito com os dados do relatório de emprego (conhecido como payroll), que apontou criação de 2,5 milhões de vagas de trabalho em maio.
Na Europa, as bolsas fecharam em terreno negativo pelo 4º pregão consecutivo. Veja como fecharam os índices:
- Índice Stoxx Europe 600 (vários países): -4,10%
- FTSE (Reino Unido): -3,99%
- DAX (Alemanha): -4,47%
- CAC 40 (França): -4,71%
- FTSE MIB (Itália): -4,81%
Claro que o mau humor global atinge os ativos brasileiros. Às 15h51, o EWZ, principal ETF brasileiro negociado em Nova York, operava em queda de 8,32%, aos US$ 29,12.
Os negócios na bolsa brasileira serão retomados na sexta-feira (12). Resgates antecipados e investimentos realizados desde 18h de ontem (10) até às 5h de amanhã serão efetivados com o preço de abertura de sexta.
Dólar
O dólar se enfraquece ante divisas consideradas mais seguras, como o iene japonês e o franco suíço, mas sobe contra moedas de países emergentes, reagindo a um tom mais cauteloso adotado por parte do Federal Reserve.
O índice DXY, negociado em Nova York e que compara a divisa americana com uma cesta moedas de países desenvolvidos, avançava 0,27%, aos 96,22 pontos.
Petróleo
Os preços do petróleo seguiram o clima pessimista nos mercados globais e fecharam em queda, com o aumento das reservas dos EUA também pesando no humor dos investidores.
Ontem, dados mostraram que os estoques comerciais americanos aumentaram na semana passada para um nível recorde.
Os estoques americanos de petróleo subiram em 5,72 milhões de barris na semana passada, para 538,065 milhões de unidades, de acordo com dados divulgados há pouco pelo Departamento de Energia dos EUA. O aumento contrariou a expectativa dos analistas consultados por The Wall Street Journal, de queda de 1,2 milhão de barris no período.
Os estoques de gasolina também cresceram, com alta de 866 mil barris, e também contrariando a expectativa, de queda de 200 mil unidades. Os estoques de gasolina dos EUA totalizaram 258,661 milhões de barris na semana passada.
O preço do petróleo WTI (referência dos EUA) fechou em queda de 8,23%, para US$ 36,34 por barril, preço do petróleo tipo Brent (referência global) caía 7,62%, a US$ 38,55 o barril.
Ásia
As bolsas asiáticas fecharam em queda seguindo as perdas em Wall Street na véspera, depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a recuperação econômica terá “um longo caminho”.
O índice Nikkei, do Japão, fechou em queda de 2,82%, e o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu 2,27%. Em Seul, o índice Kospi recuou 0,86%. Na China, o Xangai composto teve queda de 0,78%, e o Shenzen caiu 0,51%.
Fonte: Por Weruska Goeking, Valor Investe — São Paulo