Segundo o Ministério da Saúde, mais de 976 mil pessoas já se recuperaram de infecções do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil. No entanto, mesmo os pacientes curados da COVID-19 precisam manter as recomendações para evitar o contágio da doença, como o uso de máscaras. Ou seja, não há passa livre para relaxar as medidas de cuidados.
Isso porque especialistas apontam que ainda não há evidências científicas de que quem contraiu a COVID-19 não possa se contaminar novamente. Inclusive, uma pesquisa recente apontou que pacientes assintomáticos que tiveram a doença podem perder os anticorpos para o vírus em até três meses. Além disso, por ser uma doença nova, os efeitos do vírus a médio e longo prazo também não são, completamente, conhecidos. Por exemplo, quem teve a infecção pode apresentar, um dia, eventuais complicações.
Segundo o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, deve-se manter os cuidados contra o novo coronavírus. “Não temos certeza, por enquanto, de que quem teve COVID-19 uma vez não terá novamente. É importante que quem já teve a doença continue se prevenindo. Continue com as medidas preventivas, usando máscaras, higienizando as mãos e evitando aglomeração”, alerta o médico.
Além disso, os pacientes que já foram infectados, de acordo com Weissmann, também podem auxiliar a propagação do vírus, caso não tomem os devidos cuidados. “Mesmo a pessoa que não estiver infectada, se ela puser a mão em um lugar contaminado, ela pode carregar o vírus. Por isso é importante estar sempre higienizando as mãos, lavando com água e sabão ou com álcool 70%”, orienta o infectologista.
Após se recuperar do novo coronavírus, alguns pacientes podem enfrentar, por exemplo, a chamada Síndrome da Fadiga Crônica, como aponta a neurologista, pesquisadora do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), Gabriel de Freitas.
Quanto a essa síndrome, o principal sintoma relatado pelos pacientes é o cansaço. “O que predomina é a fadiga, o cansaço. A pessoa não consegue trabalhar, não consegue voltar à atividade”, explica Freitas. “Essa síndrome traz uma angústia muito grande para as pessoas porque fadiga não é um sintoma mensurável. Não se consegue mensurar por exame. Muitas vezes é mal compreendido”, avisa a neurologista. Segundo Freitas, também há muitas dúvidas sobre os seus impactos na saúde dos pacientes, mas o tratamento, geralmente, envolve psicoterapia, atividades físicas, antivirais e antidepressivos.
Além disso, o quadro de fadiga pode ser acompanhado por alteração na pressão, na frequência cardíaca e insônia. Essa sensação pode durar até um ano e é mais frequente em mulheres entre os 40 e 50 anos que tiveram a COVID-19 pelo menos na forma moderada. No entanto, essa síndrome não é exclusiva do novo coronavírus e pode ocorrer em decorrência de outras infecções virais.
Fonte: Por Fidel Forato