O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (10) com uma série de boas notícias para os investidores impacientes com um desfecho para o impasse entre republicanos e democratas no Congresso dos Estados Unidos.
A principal delas é que o presidente americano Donald Trump disse que a presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, e o senador Chuck Schumer, manifestaram o desejo de se reunirem com ele para fazer um acordo em torno do pacote de mais de US$ 1 trilhão em estímulos para enfrentar os impactos econômicos do coronavírus no país.
Essa informação veio depois do secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, afirmar que o Congresso pode chegar nesta semana a um acordo para o pacote de estímulos.
Mais cedo, Trump assinou uma série de ordens executivas para estender os estímulos econômicos contra os efeitos do coronavírus. Entre as medidas está a expansão dos benefícios a desempregados. Apesar de analistas questionarem até mesmo a legalidade das ordens de Trump, eles concordam que a atitude serve pelo menos para pressionar o Legislativo a acelerar as negociações.
Na esteira dessas notícias, os índices Dow Jones e S&P 500 subiram 1,3% e 0,27% respectivamente, ao passo que o Nasdaq, de empresas de alta tecnologia, caiu 0,39% pressionado pelas vendas por conta das tensões entre EUA e China.
Por aqui, o Ibovespa fechou em alta de 0,65% a 103.444 pontos com volume financeiro negociado de R$ 24,826 bilhões.
No noticiário local, o governo tenta aprovar o marco legal para o setor de gás natural. O projeto de lei tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados e o Ministério de Minas e Energia espera que sua aprovação renda R$ 40 bilhões em investimentos.
Ainda no radar político, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada neste domingo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, afirmou que vai barrar qualquer tentativa de burlar o teto de gastos.
Com isso, o câmbio chegou a registrar uma sessão de queda, mas a piora em alguns índices do exterior como o Nasdaq acabou revertendo a tendência. O dólar comercial terminou a sessão em alta de 0,97% a R$ 5,4642 na compra e a R$ 5,4649 na venda. Enquanto isso, o dólar futuro para setembro tem alta de 0,54% a R$ 5,474 no after-market.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu quatro pontos-base a 2,69%, o DI para janeiro de 2023 teve variação positiva de seis pontos-base a 3,80% e o DI para janeiro de 2025 avançou seis pontos-base a 5,47%.
Embora a expectativa em torno dos estímulos econômicos para os Estados Unidos tenha contribuído para o bom humor dos mercados, a disputa entre as duas maiores economias do mundo preocupa.
O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou que vai impor sanções a 11 cidadãos americanos em uma resposta a uma ação similar dos Estados Unidos contra autoridades chinesas e aliados em Hong Kong.
Relatório Focus
Os economistas do mercado financeiro elevaram levemente nesta semana as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. A mediana das expectativas foi de -5,66% para -5,62%.
Já para 2021 as projeções se mantiveram em crescimento de 3,5% da atividade econômica brasileira.
Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) as expectativas foram mantidas em 1,63% para 2020 e em 3% para 2021.
Já para o dólar a expectativa dos economistas seguiu em R$ 5,20 para o fim de 2020 e em R$ 5,00 para o fim de 2021.
Por fim, a mediana das estimativas do mercado para a taxa básica de juros, Selic, ficou estável em 2,00% ao ano para 2020 e em 3,00% ao ano para 2021.
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada neste domingo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, afirmou que vai barrar qualquer tentativa de burlar o teto de gastos.
“O governo não pode querer usar o Parlamento como instrumento dessas soluções heterodoxas [manobras para ultrapassar o teto de gastos]. Não dá para usar um projeto, uma PEC, pelo menos na Câmara, para burlar o teto de gastos. Se o governo tiver essa intenção, eu discordo e vou trabalhar contra”, afirmou.
“Este ano o governo está protegido pela PEC do orçamento de guerra, mas se o governo editar 1 crédito extraordinário e depois transformar em restos a pagar (para ampliar o espaço para gastar em 2021), aí pode ser uma pedalada“, disse ele.
Novo marco legal e Caixa
O novo marco legal para o setor de gás natural pode destravar R$ 40 bilhões em investimentos, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em entrevista à Record News na sexta-feira à noite.
O projeto de lei (PL) tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados e há expectativa de que seja votado ainda em agosto, segundo o ministro.
Após a aprovação na Câmara, Albuquerque também se mostrou confiante na tramitação do PL no Senado Federal.
Ainda no radar político, o presidente Jair Bolsonaro editou a medida provisória 995 que permite à Caixa Econômica Federal constituir novas subsidiárias, inclusive pela incorporação de ações de outras sociedades empresariais, conforme edição extra do “Diário Oficial da União” (DOU) do último sábado.
A medida provisória também permite que a Caixa adquira o “controle societário ou participação societária minoritária em sociedades empresariais privadas”.
A autorização dada a Caixa pela MP tem por finalidade, segundo o texto da norma, “executar atividades compreendidas nos objetos sociais das subsidiárias” do banco estatal ou complementares a estes.
Radar corporativo
O secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou na sexta-feira à noite que o governo federal reduzirá em 100% a sua participação na mineradora Vale, frisando não ser objetivo do poder público ser acionista de companhias.
No início desta semana, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) levantou R$ 8,1 bilhões com a venda de um bloco de ações da mineradora Vale.
Mattar pontuou que o governo tem ainda ações da companhia próximas desse valor e que podem ser vendidas.
E em seu processo de venda de ativos, a Petrobras informou na sexta-feira à noite que avançou na venda das participações de 35% no campo de Manati, na Bahia, e do chamado Polo Ceará, ambos em águas rasas.
Para os ativos na Bahia, potenciais compradores classificados em fase anterior receberão carta-convite com instruções para “due diligence” e envio de ofertas vinculantes, enquanto os campos no Ceará ainda estão na chamada etapa não-vinculante.
No campo de Manati, na bacia de Camamu, a Petrobras é operadora e tem como sócias a Enauta (com 45%), a Geopark Brasil E&P (10%) e a Brasoil Manati (10%). Já o polo no Ceará pertence 100% à estatal e compreende os campos de Atum, Curimã, Espada e Xaréu.
Fonte: Por Ricardo Bomfim