Mais de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas no Líbano depois da megaexplosão que aconteceu em um terminal do Porto de Beirute, em agosto de 2020. O país já enfrentava uma crise econômica e os efeitos da Covid-19.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU, que venceu o prêmio Nobel de 2020, decidiu reforçar sua presença lá. O órgão levou 12,5 toneladas de farinha de trigo, para tentar estabilizar a oferta do ingrediente e baixar o preço do pão.
Depois de um acordo com o Ministério da Economia e Comércio, as padarias aumentaram o tamanho dos pacotes de pães em mais de 10%, sem subir o preço.
Organizações não governamentais que receberam apoio da entidade distribuíram refeições para mais de 3.000 pessoas por dia –não só para afetados, mas também aos libaneses que foram empregados na limpeza dos escombros.
O Programa Mundial de Alimentos
O Programa Mundial de Alimentos da ONU, com sede em Roma, atua em situações como a do Líbano: dá comida às vítimas de conflitos, enchentes, secas, terremotos e também pandemias.
O órgão tem um corpo de 17 mil funcionários. Em 2018, conseguiu arrecadar US$ 7,2 bilhões.
Formalmente, foi criado em novembro 1961. O Programa nasceu de uma iniciativa de um presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, que entendeu que faria sentido usar o sistema da ONU para distribuir alimentos.
Hoje, a entidade diz ser a maior organização do mundo para eliminar a fome.
O diretor-executivo atual do Programa é o americano David Beasley. Ele é do Partido Republicano e já foi governador da Carolina do Sul duas vezes.
Não há atuação direta do órgão no Brasil, mas ele tem representações em países vizinhos, como Colômbia, Bolívia e Peru, além do Equador, que também é da América do Sul.
Pandemia de Covid-19
Cerca de 135 milhões de pessoas tiveram problemas graves com falta de alimentação em 2019, de acordo com o órgão.
Em 2020, o número pode ser quase o dobro, apontam as estimativas da entidade.
Em entrevista ao “New York Times”, Arif Husain, o economista chefe do órgão disse que o cenário já não era favorável no começo do ano, mas com a pandemia, o mundo está em território desconhecido. “Nós nunca vimos algo assim antes”, afirmou ele.
O Programa teve que se adaptar, porque, com a Covid-19, o transporte virou um desafio maior.
O órgão tem se disposto a ajudar os governos de diferentes países a pensar em estratégias de resposta às consequências da pandemia.
Em 68 países, o Programa ajudou a criar alternativas à merenda escolar –o órgão estabeleceu programas de transferência de dinheiro em notas, vale-alimentação e entrega de refeições.
Segundo a organização do Nobel, o programa já seria um merecedor do prêmio sem a pandemia, mas com a Covid-19 os motivos ficaram mais evidentes: a comida está menos disponível. Nesse cenário, “o programa da ONU demonstrou uma habilidade impressionante de intensificar seus esforços”, afirmou o comitê.
O programa em números
- Equipe global: 17 mil pessoas;
- Operação: 5,6 mil caminhões, 20 navios e 92 aviões movimentados por dia, em média;
- Financiamento: US$ 7,2 bilhões arrecadados em 2018, totalmente financiados voluntariamente;
- Atendidos: 86,7 milhões de pessoas em 83 países;
- Merendas: 16,4 milhões de crianças as recebem, em 60 países diferentes;
- Transferência de dinheiro: US$ 1,76 bilhão;
- 52% dos que recebem assistência são mulheres ou crianças
Fonte: Por G1