A Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) divulgou nesta quinta-feira (25) o relatório e recomendações do caso Isac Tembé Tenetehara. Incoerências de versões sobre a morte da liderança jovem indígena Isac Tembé chamaram atenção de entidades, órgãos públicos e autoridades.
O crime ocorreu no último dia 12, durante uma ação da Polícia Militar, na fazenda Boa Vista/Ouro Verde, em Capitão Poço, nordeste do estado. A propriedade faz fronteira com terra indígena. Isac foi baleado no peito e o tiro atravessou o corpo.
O povo indígena acredita que Isac foi executado, ele teria demorado cerca de três horas para receber atendimento médico. Já a PM afirma que o indígena foi atingido durante uma ocorrência de roubo de gado.
Relatório
A diligência organizada pela Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), esteve na aldeia São Pedro no dia 16 de fevereiro para esclarecer as circunstâncias do crime e resguardar os direitos do povo Tembé e dos familiares de Isac.
O relatório aponta que a versão relatada pelos policiais é suscita e necessita de mais detalhes, que deveriam ser informados no relatório de letalidade. Para a Comissão, os policiais envolvidos no crime deixaram de seguir regras de conduta quanto a preservação da cena dos fatos, “contribuindo decisivamente para a ocultação da forma como o indígena Isac Tembé ocorreu”.
Veja abaixo o Boletim de Ocorrência do crime:
Diante de várias inconsistências encontradas nas versões apresentadas pelos indígenas e na versão apresentadas pelos policiais militares, a Comissão de Direitos Humanos da Alepa faz uma série de questionamentos, como:
- Qual, de fato, foi o local do óbito e quais as circunstâncias da morte?
- Por que os PMs dispensaram a cena do crime, removendo a suposta arma do lugar, removendo o corpo e evadiram-se do local?
- Por que não foram feitas fotos do corpo de Isac ao lado da carcaça de gado?
- Por que os PMs demoraram 3 horas para levar o indígena até o hospital?
Por meio do relatório, a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor emitiu recomendações ao Ministério Público Estadual e Federal, Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social e Polícias Civil e Militar cobrando que os fatos sejam devidamente apurados pelos órgãos.
Fonte: Por G1 PA — Belém