No Rio de Janeiro, estagiários que trabalham na Assembleia Legislativa ganharam aumento de 93%. O reajuste ficou bem acima da inflação, e o salário é maior do que o recebido por um professor com nível superior no estado.
Pouquíssima experiência, quatro horas de trabalho por dia e salário bem acima do mercado. Um estagiário com nível médio de ensino ganha R$ 1,906 mil por mês na Assembleia Legislativa do Rio. Para os que têm faculdade, é bem mais: R$ 2,860 mil.
Depois de cinco anos sem aumento, a casa aprovou um reajuste na bolsa-estágio de dar inveja a qualquer trabalhador experiente: 93%. É mais do que o dobro da inflação oficial no período, que encostou nos 40%, segundo o IBGE e quatro vezes mais do que o aumento dado a um professor de nível superior do estado. Para trabalhar 16 horas por semana, esse professor ganha R$ 1,179 mil por mês.
A justificativa para o aumento está num erro da Assembleia do Rio: nos últimos cinco anos, a casa não obedeceu a regra – criada pela própria Alerj – de seguir o valor do salário mínimo regional para pagar os estagiários, e a atualizar agora saiu caro.
Muitos deputados ficaram a favor de cumprir o que determina o ato da presidência. “Esse estagiário ele não ganha alimentação, não ganha transporte e não gera depois nenhum custo de FGTS, de aposentadoria, etc”, afirmou o deputado Carlos Minc.
“Não me parece um absurdo o valor estipulado, evidentemente desde que o estagiário trabalhe, cumpra horário e seja produtivo”, disse o deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha.
Mas a repercussão negativa de um aumento generoso como esse em um momento em que o estado passa por dificuldades financeiras fez muitos parlamentares reverem a decisão. Na semana que vem os salários dos estagiários vão ser discutidos de novo, com a preocupação de deixar os números mais perto da realidade do mercado.
“Eu acho justo, não tenho nenhuma dificuldade de rever, mas acho justo sim. Acho que nós temos estagiários de muito bom nível. Mas ainda assim, se tiver acima, o que se tem que fazer é corrigir. O que não se pode fazer é cometer ilegalidade”, afirmou o presidente da Alerj, Jorge Picciani.
O presidente da Assembleia disse que a forma de contratação dos estagiários, hoje sem concurso, também pode ser revista. E se houver mesmo redução dos salários, só vai valer para novos estagiários. Quem já está na Alerj não perde o aumento.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, disse também que a Alerj tem adotado medidas de controle do orçamento e que economizou nos quatro primeiros meses do ano R$ 57 milhões com despesas de pessoal.
Fonte: G1