(*) Luiz Carlos Pinto Ribeiro
Atualmente, um dos principais desafios que se impõe aos professores e professoras é o de repensar a educação para além do computador e internet, que se encontram presentes em grande parte das escolas. Vivemos um momento em que as tecnologias fazem parte do dia a dia a das pessoas em casa, no trabalho e ambiente escolar. Essa relação diária com a interconectividade é cada vez mais abrangente, através de computadores, tablets e smartphones, atingindo a todas as classes socioeconômicas.
A internet passou a ser a base tecnológica para a forma organizacional da era da informação: a rede sendo uma ferramenta que faz parte do cotidiano de grande parte das casas e escolas dos estudantes, contribuindo de maneira cada vez mais veloz para a construção de um mundo interconectado onde os organismos culturais acontecem, através também dos saberes compartilhados
Com a popularização dos smartphones e das redes sociais, muitas vezes sem vigilância e controle dos pais, o bullying evoluiu e ganhou novo status: o cyberbullying.
A prática vem sendo tratada como uma conduta ainda mais grave, já que seus danos são muito maiores, principalmente porque envolvem a publicação de conteúdos ridicularizantes na internet, que possui alcance global e onde a completa remoção do material é praticamente impossível.
Tais atos de violência psicológica, intencional e repetitiva, praticados por indivíduo ou grupos, com o objetivo de intimidar e agredir, causam dor e angústia à vítima. Como em boa parte das vezes a prática tem origem ou se desenrola em ambiente escolar, acaba afetando a aprendizagem, a convivência e o comportamento dos alunos. Em muitas escolas, o tema é motivo de preocupação, fazendo com que gestores e professores trabalhem com os estudantes campanhas de conscientização, prevenção, diagnóstico e combate ao cyberbullying. E quando se trata do bullying virtual, é preciso fazer com que os alunos reflitam também sobre a perpetuidade do conteúdo publicado na internet. Este é um ato de agressão física ou psicológica praticada contra um indivíduo ou grupo de indivíduos projetando neste o constrangimento, injúria, dor física ou psicológica entre outros mais.
É importante que os pais tenham conhecimento das amizades virtuais de seus filhos, pois se isto ocorre naturalmente no plano real, não vejo problema em pais exercerem certo controle sobre a vida virtual dos filhos. Desta forma os pais, principais responsáveis pelo o bem-estar dos filhos, poderão visualizar se algo de errado está acontecendo, como algum tipo de agressão psicológica, por exemplo. Isso poderá ser feito sem mesmo ter acesso ao nome de usuário ou a senha que os filhos utilizam para acessar a rede. Para isso, os pais deverão também possuir uma conta ativa na qual esteja inserida os seus filhos como “amigos”, além de ficarem atentos aos registros de históricos de navegação produzidos pelos filhos, por assim ampliar o controle sobre os sites acessados – muitas vezes agressivos ou pornográficos.
Sabemos que na realidade a maioria dos pais, em especial nas comunidades rurais, ainda não aderiram à tecnologia virtual, não sabem fazer uso da internet, nem mesmo sabem as funções básicas do computador. Ainda existe o grande e inaceitável problema que é o “diagnóstico” que aponta grande parte dos professores como leigos nas Novas Tecnologias.
Não menos importante é lembrar aos alunos que o cyberbullying é ainda mais nocivo que o bullying, pois sua disseminação é muito maior, sendo capaz de atingir o mundo inteiro em uma pequena fração de segundos. Além disso, após ser lançada na rede, não se terá mais controle sobre a agressão, por mais que o agressor arrependa-se ela já pode ter sido compartilhada por centenas de pessoas, que em pouco tempo se tornarão milhares, milhões, e assim por diante.
Muitas das vezes alunos sofrem com agressões, sejam elas físicas ou psicológicas, virtuais ou reais, por estranhos, amigos, mas muitas das vezes por familiares. São vários os casos de agressões realizadas no seio da família, em grande parte por madrastas, padrastos ou irmãos de criação. Não importa como a agressão se concretiza. São vários os sinais emitidos pelos agredidos. Pode se observar que aquele aluno que antes era tão sociável, sorridente, comunicativo e dócil, agora tornou-se introspectivo, triste, calado e agressivo. Se essas características estão visíveis em algum de seus alunos, professor, isso é sinal de que algo está errado. É possível também que alunos agredidos percam a concentração e o prazer por estudar.
O cyberbullying é uma mazela trazida com a difusão das novas tecnologias, que mais auxiliam do que prejudicam. Como toda mazela ele deverá ser corrigido, eliminado. Isso só será possível através da educação, da promoção de saberes que contemplem os valores de uma sociedade culturalizada e pautada nos princípios de cidadania e respeito mútuo.
(*) Especialista em Educação