O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou na quinta-feira (27) que o ciclo de queda dos juros na economia vai afetar positivamente a demanda por crédito no Brasil. Ele atribuiu à crise econômica, e não à turbulência política, o desempenho mais fraco da carteira de crédito do banco no segundo trimestre.
As afirmações foram feitas em teleconferência para comentar o resultado do banco. O lucro líquido do Bradesco caiu 5,4% no segundo trimestre, para R$ 3,9 bilhões.
Sobre o processo de redução dos juros no Brasil, Trabuco observou que após a crise de 2008, o afrouxamento monetário (corte das taxas) nos países afetados pela crise internacional evitou “verdadeiros processos de depressão econômica”.
Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, baixar os juros básicos de 10,25% para 9,25% ao ano. Foi o sétimo corte seguido na taxa Selic.
“No Brasil, esse afrouxamento com base muito consciente vai afetar positivamente a demanda de crédito”, afirmou o presidente do Bradesco. Ele afirmou também não ver razão para pessimismo em relação ao futuro do Brasil.
Na avaliação de Trabuco, a sucessão de eventos econômicos e políticos de grande impacto aumentou o sentimento de incerteza, contudo, os ativos brasileiros ainda são destaque entre os investidores globais. “É só perceber a curva de rentabilidade dos bons [títulos de dívida] e ações das empresas que têm ido ao mercado”, afirmou.
Carteira de crédito menor
A carteira expandida do Bradesco (para pessoas físicas e jurídicas) acumulou uma queda de 7,2% nos últimos doze meses. Frente aos três primeiros meses do ano, ela ficou 1,8% menor, totalizando R$ 493,6 bilhões. Essa queda pressionou a margem financeira do banco.
Nesta manhã, o banco divulgou um lucro líquido 5,4% menor no segundo trimestre contra o mesmo período de 2016 de R$ 3,9 bilhões.
Em teleconferência a jornalistas, Trabuco negou que o cenário de turbulência política afetou a carteira de crédito do banco no último trimestre, o principal foco dos negócios do banco. Ele atribuiu o desempenho mais fraco à crise econômica, que segundo o executivo deixa um “rastro de demandas reprimidas”.
“É evidente que os eventos políticos criaram turbulência, mas o desempenho [do crédito] nos anos anteriores esteve mais condicionado ao processo recessivo da economia”, explicou Trabuco.
Queda da inadimplência
Apesar do desempenho pior na carteira de crédito, o presidente do banco acredita que o pico de inadimplência ficou para trás. “A economia nos últimos anos não favoreceu a evolução das carteiras, mas já sentimos uma evolução no crédito”.
Segundo Trabuco, um ajuste benigno nas taxas terá “resultado imediato” na redução do custo do crédito. O banco passou a prever uma provisão (reserva para perdas por calotes) menor para 2017, indicando que espera uma melhora no cenário de inadimplência.
O índice de inadimplência acima de 90 dias caiu a 4,9% frente ao trimestre anterior, embora ainda acima dos 4,6% de um ano antes. A despesa com provisão para inadimplência, de R$ 4,97 bilhões , foi 2,2% maior na comparação trimestral.
Fonte: G1