Em Redenção, no Sul do Pará, as obras de uma Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA) estão paralisadas desde 2012, dificultando o atendimento à população que necessita do sistema público de saúde no município, que se encontra sobrecarregado.
Enquanto isso, a situação é de superlotação nas enfermarias do Hospital Municipal Iraci, que conta com uma estrutura que oferece 48 leitos e também funciona como pronto socorro, atendendo 14 municípios do Sul do Pará e os quase 100 mil habitantes de Redenção.
“Nós temos médicos 24h, raio-x funcionando, eletrocardiograma, cirurgia, e daí que os outros municípios, atraídos por isso, vêm até nós”, explicou Simone Pianaro, diretora do Hospital Municipal Iraci.
Há três semanas, o taxista Walter Quintino espera ser chamado no Hospital Regional para fazer uma cirurgia na perna. Ele faz parte de uma lista que inclui mais de 100 pacientes na mesma situação.
“Tem que ir pro Regional porque aqui não faz cirurgia, estou esperando uma vaga para lá. Não sabem nem o dia nem a hora”, lamenta.
Investigação
A UPA teria capacidade para atender até 300 pacientes por dia e ajudaria a desafogar o Iraci e outros hospitais da região. Entre as 50 salas do projeto estão as de exames, ambulatório, necrotério e salas de cirurgia, mas a construção do prédio parou porque, de acordo com a Procuradoria da República, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União constataram que houve fraude na licitação e superfaturamento de preços na obra.
“Essas investigações foram realizadas no âmbito da operação Fonte Seca, da Polícia Federal, gerou uma ação de improbidade administrativa que corre na Justiça Federal aqui, que busca o ressarcimento desse dinheiro, a condenação por multa, a impossibilidade que essas empresas que fraudaram essas licitações e essas obras possam contratar com o poder público por algum tempo e o pedido de inelegibilidade dos políticos envolvidos, no caso, o prefeito”, detalhou Igor Espíndola, procurador da República.
No mês passado, a Justiça bloqueou os bens do então prefeito na época e, hoje, vereador de Redenção, Wagner Fontes, e de duas construtoras responsáveis pelas obras da UPA. As contas foram bloqueadas para garantir o ressarcimento do dinheiro público caso sejam confirmadas as acusações no fim do processo.
“A licitação da UPA foi feita dentro da mais perfeita regularidade. Inclusive nós vamos com toda a documentação e tabela que nós temos, mostrar isso na Justiça”, afirma o ex-prefeito Wagner Fontes.
Abandono
A Prefeitura afirma que pretende concluir a construção, mas tem outros planos para as instalações da UPA.
“A UPA hoje para Redenção é inviável devido ao alto custeio, que hoje nós precisaríamos em torno de R$ 800 mil para manter a UPA; isso mensal. Então, nós temos em Redenção dois hospitais, um inclusive Pronto Socorro, que tem feito o trabalho. Nós precisamos é de espaço e transformando o espaço da UPA hoje em hospital municipal, seria um ótimo negócio e conseguiria com certeza atender a nossa população”, esclareceu Cleide Mendes, secretária de Saúde.
Enquanto a obra não é retomada, o prédio se deteriora com a ação do tempo e de vândalos, que em 2013 quebraram vidraças e furtaram os tubos de cobre do sistema de oxigênio hospitalar que já estavam instalados.
E as pessoas que precisam de atendimento médico e vivem ao lado da obra se mostram indignadas com a situação.
“Era para estar prontinho para atender a população da região, mas abandonaram para lá”, reclama a dona de casa Rita Alves.
“Nós estamos precisando por para funcionar esse hospital aí porque não é só para mim e para quem está nessa rua aqui, é para a cidade toda, né?”, reivindica o aposentado Horácio Neto.
Fonte: g1.globo.com