Uma grande plateia – entre educadores, alunos e público em geral – acompanhou, no terceiro dia do Flacc, um diálogo cheio de significados em mais uma roda de conversa sobre a temática do evento. Desta vez, o bate papo no palco Ubuntu foi direcionado à importância da literatura nos diversos níveis de escolaridade, para a promoção de uma educação antirracista.
O momento contou com a participação dos escritores Sônia Rosa e Allan Pevirguladez, que puderam contribuir de acordo com suas experiências e obras literárias, sobre como a literatura desenvolve estratégias para a promoção de uma educação antirracista.
Participando pela terceira vez do festival, Sônia Rosa, escreve desde a década de 90 sobre a representatividade negra em suas publicações infantis, muito antes de entrar em vigor a lei 11.645 de 2008, que tornou obrigatória a história e cultura afro-brasileira e indígena no ensino fundamental e médio, em estabelecimentos públicos e privados. “Desde que lancei a minha primeira publicação, O Menino Nito, eu venho contribuindo na perspectiva de que a criança possa se ver bem representada e possa construir a sua identidade com alegria”, destaca.
Público acompanhou atento a discussão sobre literatura antirracista (Foto: Diego Barbosa)
“Antes da lei trazer essa temática pra dentro dos currículos escolares, a gente tinha uma literatura que apresentava uma desatenção com os personagens negros, e isso foi muito maléfico para a formação das mentalidades”, explica a escritora, enfatizando a ausência de um arcabouço literário abrangente, que pudesse trazer uma proposta de acessibilidade a temática da representação negra dentro das escolas, o que ocasionou um reforço do racismo.
Com uma representação única dentro do cenário da luta Antirracista, o professor, cantor e escritor, Allan Pevirguladez, lançou no final de 2023 o primeiro álbum infantil antirracista da história da música brasileira. A obra, que conta com dez canções, fala sobre autoestima, empoderamento infantil e representatividade negra positiva, criando assim o movimento da Música Popular Brasileira Infantil Antirracista – MPBIA. “A MPBIA vem para preencher uma lacuna que há no cancioneiro infantil brasileiro, não havia nada parecido, pelo contrário, as músicas deterioravam a imagem da pessoa negra e suas relações, então ela vem com esse sentindo de ressignificar esses valores, de positivar a identidade negra e indígena e cantar sobre inclusão e diversidade”, afirma.
Terceiro dia do Flacc teve programação diversa, também com apresentações de teatro
Consultor antirracista do Instituto Vini Jr, o escritor também é autor do livro “Manual Prático da Educação Antirracista”, que promove uma verdadeira reflexão do debate Antirracista na contemporaneidade. Pevirguladez, reforça a importância da literatura para a promoção da construção de uma sociedade antirracista. “A literatura é fundamental em todos os aspectos, é ela que pode oferecer a uma criança de três a quatro anos, a primeira noção de letramento racial, a questão da sua autoestima, de positivar os seus valores e sua cultura, e para construir esse imaginário de uma sociedade brasileira que é diversa e plural, e negra, acima de tudo.”, finaliza.
Veja o que mais aconteceu no terceiro dia do FLACC e consulte a programação de sábado
Além das apresentações escolares das unidades de ensino do município durante toda programação do dia, os participantes puderam acompanhar palestras e outros momentos de rodas de conversa que estavam programadas, como também, uma oficina de produção de turbantes realizada pelo Instituto Afrogen, que assessora e promove a educação e defesa da negritude afro-brasileira e da diversidade sexual e de gênero no município.
A programação deste sábado, penúltimo dia do festival, vai trazer o lançamento de dois livros, “Garibalda e a Enchente”, da escritora Elone Fleck e “Pioneiras de Canaã”, publicação da Secretaria Municipal da Mulher e Juventude (Semmju). Na parte da tarde os participantes poderão acompanhar um bate papo sobre arte, com os artistas paraenses, Petchó e Artermis, além de atrações teatrais e musicais locais. O encerramento do quarto dia fica por conta da atração musical Pelé do Manifesto, com a participação de Nic Dias, às 20h no palco Ubuntu.
Fonte: Prefeitura de
Canaã dos Carajás