O Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, é o único hospital da rede pública de saúde do Norte do País a realizar o transplante autólogo de medula óssea, que ocorre quando o procedimento é realizado com a medula do próprio paciente. Desde o credenciamento, em 2023, pelo Ministério da Saúde (MS), como centro deste tipo de transplante, a unidade registrou a execução do procedimento, com sucesso, em dez pacientes. Essa conquista do Governo do Estado amplia as modalidades de transplantes no Pará, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
O onco-hematologista Thiago Carneiro, responsável técnico pelo Transplante Medula Óssea (TMO) do HOL, explica que o procedimento é uma das formas de tratamento dos chamados ‘cânceres do sangue’, a exemplo de linfomas, leucemias e mieloma múltiplo, que pode alcançar melhores resultados cientificamente. Atualmente, cerca de 90% da demanda onco-hematológica do Pará é assistida pelo Hospital Ophir Loyola.
“O transplante autólogo de medula óssea é uma arma inteligente que nós temos durante o tratamento, no qual usamos as próprias células do organismo da pessoa com o intuito de viabilizar melhores resultados. As células-tronco são retiradas, guardadas, criopreservadas, ou seja, congeladas, lá no Hemopa, enquanto fazemos uma quimioterapia de intensidade muito alta. Com o intuito do paciente não sentir tantos efeitos colaterais ou melhorar mais rapidamente, é possível devolver as células que estavam guardadas”, comenta o médico.
Diagnosticada com linfoma de Hodgkin, Natalin Santos, 30 anos, realizou, nesta quinta-feira (21), a transfusão das células no Ophir Loyola. “Apareceu um nódulo no meu pescoço, que, no início pensei que era uma íngua e, após exames, diagnosticaram como linfoma. Todo o meu atendimento aqui no ‘Ophir’ foi muito atencioso, abraçaram a minha doença, de forma eficiente iniciamos o tratamento. Quando soube que o transplante iria começar a ser feito no Pará, fiquei com expectativa de ser uma das contempladas e aqui estou. Não teria condições, principalmente financeiras, de passar por um procedimento desse em outro Estado ou pagar por isso. Ter essa oportunidade é simplesmente maravilhoso”, celebra.
A medula – Popularmente conhecida como “tutano”, a medula óssea é um tecido gelatinoso que preenche a cavidade interna dos ossos. Além de produzir componentes sanguíneos, é responsável pela produção dos elementos essenciais para a defesa do organismo. Quando o paciente é acometido por doenças medulares, há prejuízo na produção de glóbulos vermelhos (eritrócitos), de glóbulos brancos (leucócitos) e de plaquetas (trombócitos).
Parceria – O serviço de transplante é realizado em cooperação técnica com a Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), que é referência nos serviços de assistência médica hematológica, distribuição, armazenamento e processos que envolvem o manuseio da medula óssea. A Fundação também é a única Instituição pública do Pará que possui a Máquina de Aférese Terapêutica Haemonetics, responsável por essa operação.
“O Hemopa é a instituição que realiza todo o processo de apoio para a execução do transplante. Nós fazemos desde a coleta desse material, que são as células-tronco, que é preparado, com todo controle de qualidade e é criopreservado, ou seja, congelado. Esse material fica aqui disponível, enquanto o enfermo é também preparado para recebê-lo, então ele é devolvido para esse paciente na forma de infusão. Estamos muito satisfeitos com o trabalho em equipe, que tem sido feito, de excelente qualidade, tanto pela equipe do HOL, como pela equipe da Fundação”, ressalta Ana Luísa Meireles, médica hematologista e hemoterapeuta do Hemopa.
Qualificação – O Hospital Ophir Loyola (HOL) foi selecionado pelo Ministério da Saúde (MS) para participar do projeto “Mais TMO”, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Com o objetivo de continuar a qualificação do programa de transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), o projeto oferta fomentos técnicos para treinamento e parceria para fluxos e processos do TMO, a fim de otimizar esse tipo de assistência no País, com ênfase nas boas práticas, qualidade e segurança do pacientes.
Texto: Giovanna Abreu
Fonte: Agência Pará