Um estudo realizado por médicos de Nova York mostrou que a hidroxicloroquina pode não ser eficaz contra a Covid-19.
O estudo avaliou o uso da hidroxicloroquina em 25 hospitais da região metropolitana de Nova York. Os pesquisadores analisaram os dados de 1.438 pacientes com Covid-19, internados entre os dias 15 e 28 de março.
Eles foram divididos em quatro grupos. Num deles, os pacientes receberam uma combinação de hidroxicloroquina – usada no tratamento de doenças como malária e lúpus – e o antibiótico azitromicina. Outro grupo, recebeu apenas hidroxicloroquina. O terceiro, apenas azitromicina. E o quarto grupo, nenhum desses medicamentos. Os grupos da pesquisa um e dois, que usaram hidroxicloroquina, tiveram uma taxa de mortalidade maior.
O doutor Jack Dehovitz, que participou da pesquisa, explica que não encontrou diferenças significativas na mortalidade entre os grupos quando considerou outros fatores como doenças pré-existentes e a gravidade da Covid-19. Ou seja, a pesquisa mostrou que não há nenhuma vantagem clara no uso da hidroxicloroquina.
O estudo também alerta para uma preocupação dos médicos: os efeitos colaterais. Os grupos de pacientes que receberam hidroxicloroquina tiveram maior incidência de ataque cardíaco.
Esses resultados reforçam as conclusões de um outro estudo, com mais de 1,4 mil pacientes em Nova York, publicado no New England Journal of Medicine, na semana passada. E que também não encontrou vantagem no uso da hidroxicloroquina em tratamentos da Covid-19.
O presidente Donald Trump demonstrou entusiasmo pelo uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. Os dois são medicamentos diferentes, mas tem em comum a substância cloroquina.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro também defende o uso do medicamento em pacientes com Covid-19: “A pessoa medicada corretamente, não tem efeito colateral. Se medicado corretamente, não tem efeito colateral. Fiquei sabendo hoje que isso custava em volta de R$ 60 na farmácia – o original R$ 60, não sei o genérico. Já tá lucrando nele, tá quase mil reais”.
Nesta terça-feira (12), o ministro da Saúde, Nelson Teich, escreveu numa rede social que a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais, que qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica, e que o paciente deve entender os riscos e assinar um termo de consentimento antes de iniciar o uso.
Mas o Dr. Jack Dehovitz alertou: “se não for dentro de um estudo clínico, eu sugiro que não use”.
Fonte:https://g1.globo.com