Acostumado a garantir uma vaga a deputado federal há mais de 15 anos, o município de Marabá não terá representante direto pelos próximos quatro anos. A grande quantidade de postulantes a uma vaga à Câmara dos Deputados, em Brasília, deixou a maior cidade do sul e sudeste do Estado “chupando o dedo” nas eleições deste domingo, dia 7 de outubro. O único consolo é que garantiu as mesmas três vagas de 2014 para deputado estadual, agora com Wenderson Chamon, o Chamonzinho (MDB), Dirceu ten Caten (PT) e Toni Cunha (PTB).
Mas o fator mais intrigante foi mesmo a disputa para federal, que tem apenas 17 vagas para o Estado do Pará. Beto Salame (PP) alcançou 64.928 votos, enquanto o médico cardiologista Manoel Veloso obteve impressionantes 63.095 sufrágios, mas não foram suficientes para lhe chancelar uma vaga no Congresso Nacional. Também de Marabá, Miterran Feitosa (PPL) alcançou 5.064 votos e César do Comércio 1.335.
O aposentado Asdrubal Bentes havia representado Marabá por cerca de 10 anos como deputado federal. Quando não pode mais se candidatar por ter sido barrado pela Justiça Eleitoral, Beto Salame, irmão do ex-prefeito João Salame, elegeu-se deputado federal e manteve a “vaga” de Marabá em Brasília. Agora, para buscar ajuda parlamentar na Capital Federal, terá de clamar por ajuda a parlamentares de outras regiões, o que não é a mesma coisa.
Para a Assembleia Legislativa, Marabá conta com três representantes. A eleição de Chamozinho, com 63.768 votos não impressionou ninguém, e esta quantidade de sufrágrio o deixou na confortável quinta maior votação do Estado. Sua eleição, se sabia, era quase certa, uma vez que conseguiu agregar apoio de muitos políticos da região e divide domicílio entre as duas maiores cidades do sudeste do Estado: Marabá e Parauapebas.
Também foi expressiva a votação para o jovem Dirceu ten Caten, com 59.600 votos. Ele alcançou a reeleição em sétimo lugar entre os mais bem votados em um cenário não muito favorável para o seu partido (PT) no País, que conseguiu manter apenas três vagas na Alepa para o quadriênio 2019-2022. Mas a família ten Caten sempre teve força política em assentamentos da região e o Partido dos Trabalhadores venceu a eleição para presidente no Pará com Fernando Haddad, deixando Bolsonaro em segundo.
O CASO TONI CUNHA
O vice-prefeito de Marabá, Toni Cunha, é um caso à parte, porque muitas pessoas, até mesmo dentro do governo de Tião Miranda, acreditavam que ele não seria eleito por não possuir uma identidade popular própria. Havia até mesmo aposta em redes sociais se o delegado da Polícia Federal teria 5.000 ou, no máximo, 20 mil votos. Não alcançou a expressiva votação de Chamonzinho ou Dirceu, mas ultrapassou a marca dos 30 mil votos, o suficiente para guindá-lo à Assembleia Legislativa e deixar Tião Miranda sem vice-prefeito nos dois últimos anos de sua gestão.
Toni foi, inclusive, o mais bem votado em Marabá. Tirou de sua terra natal impressionantes 26.958 votos, quase três vezes mais que Chamonzinho, com 9.124; Beto Miranda, irmão do prefeito Tião, ficou com 7.944; Dirceu Ten Caten com 7.396; Priscila Veloso com 5.118; e Ilker Moraes com 4.304.
Depois que o resultado da eleição estava concretizado, ainda na noite deste domingo, alguns analistas políticos da cidade avaliaram que a vitória de Toni Cunha se deve, em grande parte, à boa avaliação que o governo de Tião Miranda desfruta atualmente. É bem verdade que o vice-prefeito recorreu a dois argumentos principais em sua campanha: o fato de ser delegado da Polícia Federal e ter participado da Operação Lava Jato, e colar-se ao nome de seu titular, Tião Miranda.
O DRAMA DE PARAUAPEBAS
Enquanto Marabá mantém sua “cota” de deputados estaduais na Alepa, Parauapebas continua sofrendo sem conseguir eleger um representante pra chamar de seu integralmente. Embora algumas pessoas considerem Chamonzinho como candidato da cidade, ele, em verdade, pode ser considerado, no máximo, meio parauapebense, porque dividirá as atenções e principais emendas parlamentares com Marabá, onde nasceu.
Entre os federais, Joelma Leite (PSD) obteve a melhor posição, mesmo sem alcançar vaga. A vereadora parauapebense garimpou nas urnas 16.579 votos, com 8.989 de Miquinha (PT).
Os muitos candidatos de Parauapebas à Assembleia Legislativa pulverizaram os votos e todos morreram abraçados. Quem aparece mais bem votado é o ex-prefeito Valmir da Integral (PSD), que embora tenha alcançado 22.616 votos, não ficou nem como primeiro suplente de seu partido, pois há quatro outros candidatos do PSD que obtiveram votação maior que ele e que ficaram de fora da Alepa.
DISTÂNCIA MÍNIMA
Com o segundo turno assegurado para governador no Pará, Helder Barbalho conseguiu maior quantidade de votos na Capital do Minério do que seu principal rival, Márcio Miranda. O emedebista alcançou 40.824 votos no município (44,89%), contra 34.378 de Miranda (37,80). Em 2014, Helder havia alcançado 52.401 (63,29%) contra 25.964 (31,36%) de Simão Jatene. O segundo turno promete ser acirrado.
(Fonte: Zé Dudu- Por Ulisses Pompeu )