O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (13) que, “como indivíduo”, reconhece que a vitória de Joe Biden na eleição presidencial dos Estados Unidos “está cada vez mais sendo irreversível”.
Mourão deu a declaração em entrevista à Rádio Gaúcha. O vice-presidente foi questionado se ele pessoalmente reconhece a eleição de Biden, já que o governo brasileiro ainda não parabenizou o candidato democrata pela vitória na disputa contra o atual presidente Donald Trump (veja no vídeo mais abaixo).
“Como indivíduo, eu reconheço, mas temos que olhar que eu não respondo pelo governo. Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível”, afirmou.
O vice-presidente disse acreditar que “brevemente” o Brasil reconhecerá o resultado da eleição.
Mourão ponderou que ele não responde pelo governo brasileiro, assim, a decisão de reconhecer ou não a vitória de Biden tem de ser tomada pelo presidente Jair Bolsonaro, um fã declarado de Trump.
Trump ainda não admitiu a derrota. Sem apresentar provas, o republicano diz que houve fraude e tenta reverter o resultado na Justiça.
Após a entrevista à Rádio Gaúcha, Mourão voltou a falar sobre a eleição norte-americana em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto.
Ele explicou que a vitória de Biden no Arizona, segundo projeções de diversos veículos da imprensa americana, deixou a situação difícil de ser revertida.
“Acho que agora ficou complicado, a não ser que o presidente Trump ainda tenha alguma carta na manga que a gente desconhece”, disse.
Líderes mundiais parabenizam Biden
Nesta sexta, a China enviou felicitações a Biden pela eleição como como 46º presidente dos Estados Unidos. O comunicado foi feito quase uma semana após o anúncio da vitória do candidato democrata.
“Respeitamos a escolha do povo americano. Enviamos nossas felicitações a Biden e a Harris”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, citando também a vice-presidente eleita, Kamala Harris.
A maioria dos líderes mundiais parabenizaram Biden e Harris ainda no sábado (7), quando a vitória democrata foi projetada pelos veículos de comunicação americanos.
Pólvora
Mourão foi perguntado na entrevista se o Exército ficou constrangido com a declaração de Bolsonaro, que afirmou nesta semana que “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora” (veja no vídeo abaixo). Na ocasião, o presidente se referiu à possibilidade de o país ser alvo de sanções por conta do desmatamento na Amazônia.
“Mais uma vez eu digo para vocês, né, isso é uma figura de retórica, muitas vezes é a questão do exagero verbal levado pelo momento ou pela situação de momento”, disse Mourão.
O vice-presidente declarou que não há “tensão” entre Brasil e EUA: “Talvez seja mais, vamos dizer assim, talvez algum tipo de fogo de palha”.
Segundo Mourão, as Forças Armadas do Brasil “nunca empreenderam guerra contra ninguém”, pois o Brasil na história sempre foi atacado.
“Nunca atacamos ninguém. Nossas Forças Armadas têm estratégia, em particular o Exército, baseada na presença, ou seja, a presença em todo o território nacional, e na dissuasão”, explicou.
‘Calma’
Mourão pregou “calma” para esperar ações do governo americano em relação à Amazônia. Ainda como candidato, o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que buscaria “organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia”. O democrata afirmou ainda que o Brasil pode enfrentar “consequências econômicas significativas” se não parar de “destruir” a floresta.