A Associação dos Amigos Protetores dos Animais e do Meio Ambiente (Apama) emitiu nota na tarde deste domingo (02) em repúdio ao caso da égua abandonada no canteiro da Avenida Liberdade, após a tradicional Cavalgada da Fap.
A Cavalgada aconteceu na manhã deste sábado (1º), com um percurso de 10Km, mobilizou comitivas e populares apreciadores do evento. A Cavalgada é um dos pontos chaves da programação da Feira de Agronegócios de Parauapebas (FAP) e acontece anualmente. Neste ano um triste episódio mobilizou voluntários para ajudar uma égua prenha que foi abandonada por um dos cavaleiros participantes do evento. Muito debilitada a égua não conseguia levantar passando a noite deitada no canteiro localizado na Avenida Liberdade, bairro Beira Rio I.
O caso viralizou nas redes sociais, sendo uma mas notícias mais comentadas durante o final de semana onde internautas expressaram em comentários e reações, profundo desprezo ao ocorrido.
Presidente da Apama, Byancka D`Lavor conversou com a reportagem.
Voluntários de revesavam na madrugada para cuidar da égua.
A presidente da Apama, Byancka D`Lavor concedeu entrevista à reportagem do Portal Carajás o Jornal, na manhã desta segunda-feira (03) e falou um pouco mais sobre o caso. Ela informou que amigos e voluntários se revessaram durante a noite para prestar socorro à égua. “Desde o primeiro momento que a gente ficou sabendo da situação do animal, começamos uma corrida contra o tempo. Nós nos revezamos durante a noite para prestar socorro ao animal, uma vez que já era mais de 21h00. A princípio nós não sabíamos o que a égua tinha, então começamos a pedir ajuda para vários veterinários, quando já pela madrugada, conseguimos. No entanto todos os estabelecimentos comerciais estavam fechados e ela precisava ser medicada. Já ao amanhecer do dia que o Dr. Carlos, de forma voluntária, prestou socorro à égua, que por ventura estava prenha”, disse.
De acordo com Byancka há a necessidade de se fazer uma fiscalização sobre o que acontece na cavalgada, quanto ao trajeto e horário, de forma a evitar o sofrimento dos animais durante a festa.
Byancka informou ainda que o proprietário do animal apareceu e também prestou assistência à égua debilitada. Ela disse que em conversa com o dono do animal, identificado apenas por João de Deus, falou que seu neto havia pegado a égua escondido e emprestado a um amigo, para ir à cavalgada e que a égua pertence a um rebanho de 20 animais, o que fez com que ele demorasse a sentir a falta da mesma. “Ele estava muito triste muito abalado e nos ajudou como ele podia”, concluiu.
Além de repudiar a atitude, a associação também chamou a atenção dos órgãos públicos, tanto do poder legislativo como também do executivo e judiciário, em suas esferas municipal, estadual e federal, para que casos como este não venham mais a ocorrer, não só aqui em Parauapebas, mas também em outros municípios que também têm em suas agendas culturais, eventos de Cavalgada.
Imagens e vídeos que viralizaram nas redes sociais mostravam a égua muito debilitada e correndo risco de morte.
Veja nota na integra:
NOTA DE REPÚDIO- APAMA
É com muita tristeza que mais uma vez a história se repete. As cavalgadas já viraram tradição em nossa região, mas o que pouca gente sabe é que há uma “tradição dentro da tradição”.
Dentro de cada cavalgada há a tradição dos maus tratos, da tortura, da judiação e da humilhação, e que muitas vezes resulta em abandono e morte de animal.
O caso mais emblemático dessa situação horrenda é o de uma égua que se rendeu à exaustão às margens da Rodovia PA 275, próximo ao supermercado Hiper Sena, Bairro Beira Rio, agonizando desde o início da cavalgada deste sábado (1°). Quer mais um detalhe assombroso? A égua foi levada grávida para a cavalgada!
Os órgãos públicos dos 3 poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) das 3 esferas (municipal, estadual e federal) precisam agir preventivamente para evitar que cenas como essa aconteçam por todo o Brasil.
No caso de Parauapebas, pedimos encarecidamente que a Câmara Municipal, a Prefeitura, a Justiça, o Ministério Público, a OAB, a Polícia Civil e a sociedade de modo geral tenham um forte diálogo com o Sindicato dos Produtores Rurais (Siproduz) para que haja uma normativa sobre a participação dos animais em eventos como esse.
Somos a favor das atividades culturais, desde que sejam respeitados a dignidade e o bem estar dos animais.
Eles são retirados das fazendas na noite anterior ao evento. A maioria fica sem água e sem comida até voltar à fazenda, após um dia inteiro satisfazendo as vontades dos participantes, andando por um trajeto de mais de 10 km. Os animais ficam estressados com a música alta, com as buzinas dos carros, com os foguetes, com as centenas de tapas, esporadas e chicotadas que levam do início ao fim da cavalgada.
A Apama roga que o poder público tome as providências necessárias para socorrer essa égua, que até o início da tarde deste domingo (2) ainda se encontrava em via pública.
A Apama informa que já prestou os primeiros socorros à égua. Ela foi medicada e agora já consegue ficar de pé, mas ainda se encontra muito fraca.
Agradecemos ao médico veterinário Carlos Alberto Pacola, da Clínica 4 Patas, que atendeu ao nosso pedido e socorreu o animal.
Agradecemos, ainda, a todas as pessoas que se mobilizaram e se manifestaram nas redes sociais e no local do ocorrido a favor da proteção dos animais.
Diante de tudo isso, a Apama pede que:
- O trajeto da cavalgada seja reduzido;
- não sejam puxadas carroças, charretes e similares pelos animais;
- os donos e/ou responsáveis pelos animais sejam previamente identificados e cadastrados, assim como a devida identificação do sítio, chácara ou fazenda de origem do animal, respeitando as devidas exigências sanitárias;
- o transporte dos animais, tanto no trajeto de ida como de volta, seja feito em condições adequadas;
- sejam designados veterinários para avaliar os animais logo no local de desembarque, antes do início e no final do evento;
- sejam disponibilizadas água e comida em abundância na concentração, em pontos intermediários e no final do percurso;
- seja feito em horário adequado, onde o sol e o calor escaldante não prejudiquem o bem estar do animal;
- sejam aplicadas todas as multas e sanções, na forma mais rigorosa da lei, para os que cometerem crimes contra os animais.
Posicionamento da Siproduz sobre o ocorrido
A Siproduz, em contrapartida, também emitiu nota esclarecendo que o cuidado com os animais é de responsabilidade dos cavaleiros, amazonas e proprietários que participam do evento. A organização explica ainda que também impõe regras aos quais as comitivas participantes devem cumprir, entre elas estão inseridas condições adequadas que viabilizem o bem estar do animal, durante o evento. E ainda informa que o sindicato não tem como fiscalizar atitudes de cavaleiros independentes que participam da programação.
Veja nota na integra:
A Grande Cavalgada faz parte do calendário oficial da Feira de Agronegócios de Parauapebas-FAP, e todos os animais que fazem parte do evento são de responsabilidade do próprio cavaleiro/amazona/proprietário do animal e da comitiva a qual o mesmo foi inscrito. As comitivas assumem o compromisso no ato de inscrição, de cumprirem todas as regras e cuidados com os animais antes e após evento. Cuidados com embarque e desembarque, pontos de hidratação, e proibição de disparos de rojões durante o desfile, são alguns deles. Maus tratos aos animais é crime e considerado falta gravíssima e tem caráter eliminatório sumário da comitiva da atual e próximas cavalgadas. Entretanto, o Sindicato não tem como fiscalizar ações de cavaleiros independentes que participam da programação sem o registro legal. A fim de zelar pelo bem estar do animal, o Siproduz, inclusive, reduziu o percurso, que em anos anteriores já foi maior, e conta com o apoio de forças de segurança (PM/DMTT/GMP e Corpo se Bombeiros) para a manutenção da ordem durante o trajeto. O Sindicato não compactua com maus tratos aos animais e lamenta que algumas pessoas, por falta de zelo, não os tratem com o respeito e cuidado.