Parauapebas: Ação orienta população sobre Leishmaniose no município

Na manhã de sábado a Associação dos Amigos e Protetores dos Animais e do Meio Ambiente (APAMA) de Parauapebas, sudeste do Pará, em parceria com a AMIGAB – Engajamento Social realizaram na escola Domingo Cardoso o atendimento voltado a orientação da comunidade em relação à Leishmaniose, doença que afeta principalmente os cães. Na ocasião foram disponibilizados aos animais testagem rápida, palestra para a comunidade sobre prevenção contra a doença e sorteio de brindes.

A ação tem por objetivo garantir mais informação aos tutores de animais, para que assim, proteja seus pets do mosquito. A comunidade aproveitou a oportunidade para levar os cãezinhos que foram submetidos ao teste rápido, entre eles, estava o senhor Raimundo Nonato Ferreira, que levou o cachorrinho da neta para fazer exame. Para ele, a ação realizada pelas instituições garante mais qualidade de vida aos animais e à população.

Raimundo Nonato Ferreira

“ Eu acho importante para garantir a saúde do nosso animalzinho, pois a gente os cria com tanto carinho, sendo importante mantê-los sadios.” Destacou o idoso.

Antes de realizar o exame, eles passaram por uma triagem e logo em seguida encaminhados para a realização de um hemograma e teste rápido para leishmaniose. O médico veterinário Antônio Gomes, destacou como baixa a positividade nos casos, considerando que a região é endêmica para a doença. Segundo o profissional, nas primeiras horas do dia, apenas três cães foram diagnosticados positivos para leishmaniose. Ele destacou os cuidados necessários para manter o cão protegido do mosquito.

“ A gente passa para os tutores do animal em caso de positividade ou negatividade no exame, que o cão sempre use coleira, repelente, que nas casas tenham telas repelentes também, evitar passeios com animais em horários em maior atividade do mosquito que geralmente é no entardecer no início da noite. A gente sabe que nossa região é muito quente e os tutores acabam utilizando esse período de horário que é mais ameno para fazer o passeio com o animal, não que seja proibido, mas é preciso ter o cuidado necessário.” Frisou Antônio Gomes.

Antônio Gomes – Médico Veterinário 

Leishmaniose

A leishmaniose é uma doença grave causada por um protozoário, que acomete não somente os cães, mas também os seres humanos, e muitas vezes pode ser fatal. A doença pode atingir a pele, células sanguíneas e órgãos internos como fígado, baço e rins. A doença é transmitida pelo mosquito flebotomíneo, conhecido popularmente como “mosquito-palha”. Este mosquito se infecta ao picar um animal ou ser humano já doente, e ao picar outro ser sadio transmite a doença. É importante destacar que o animal não é o transmissor da doença e sim vítima do mosquito. E para evitar a transmissão, o professor Mikaell Gross da Escola Técnica Vale Carajás, que também participou da ação, frisou da importância em sempre manter limpo o local em que o animal vive.

“ O principal cuidado é o manejo ambiental da residência, ou seja, é a limpeza. Porque se você tem um ambiente limpo sem matéria orgânica, sem resto de alimento, sem folhagem, se tem uma planta frutífera, você tem que limpar diariamente o local, pois essa matéria orgânica em decomposição vai atrair o vetor, um flebotomíneo, atraindo esse mosquito, logo ele vai colocar os ovos nessa matéria orgânica e ali vão existir outros mosquitos que vão se adaptar a esse ambiente sujo. Então a melhor forma de cuidado é manter o ambiente sempre limpo. “ Destacou Mikaell Gross.

Mikaell Gross – professor 

Tratamento é possível e legal

Uma vez o animal infectado, o tratamento é possível. Só que uma vez diagnosticada a doença, o cão passará por avaliação médica a vida inteira. O médico Cristiano Aguiar destaca que antigamente a orientação do Ministério da Saúde era eutanasiar o animal, pois não havia o tratamento, hoje é possível tratar, o que acontece por meio do uso exclusivo de Milteforan, único medicamento aprovado pelo Ministério da Agricultura e Ministério da Saúde para o tratamento do cão testado positivo para leishmaniose.

“ É muito importante acompanhar a evolução da doença, por exames chamados de zoológicos que serão medidos os títulos da doença, se esse título elevar é necessário entrar com o tratamento novamente, se permanecer estável não vai precisar.” Pontuou o Médico veterinário que destacou ainda o cuidado em relação à medicação que precisa ser adequada para que assim o animal se recupere de maneira eficaz.

Cristiano Aguiar – médico veterinário da UVZ Parauapebas 

Outra orientação dada pelo médico veterinário é o cuidado com medicações de uso humano ou ainda com medicamentos repassados pela internet, ele reforça que a melhor forma de tratar o animal é submetê-lo a cuidados de especialistas da área.

” Chegam receitas absurdas para gente na unidade de zoonoses, coisas da internet e as pessoas precisam procurar um médico veterinário de confiança para fazer um bom acompanhamento e prescrever a medicação correta.” Finalizou Dr° Cristiano Aguiar.

No total 150 animais foram atendidos na ação. Byancka de Lavor, presidente da Apama Parauapebas, destacou que outros bairros serão beneficiados com o atendimento. A ativista frisou ainda que é importante conscientizar a população sobre a gravidade da doença que não acomete somente o cão, mas também os seres humanos.

” Essa problemática da Leishmaniose que acomete os cães é de extrema importância para a instituição. Há cerca de cinco anos que a gente atua sobre esse tema sobre a doença, com um trabalho de prevenção e conscientização, pois o melhor remédio para combater os casos no município é falar diretamente com a comunidade sobre a leishmaniose.” Frisou.

Conforme a presidente da ONG a cada dia os casos da doença tem crescido no município, e recentemente Parauapebas registrou o óbito de uma pessoa diagnosticada com a doença.

” Essas campanhas são de suma importância, porque através das testagens, aquela pessoa que possui um animal na sua residência positivo para a leishmaniose e ela não tem o conhecimento e assim conseguir tratar o animal e de se prevenir contra o mosquito transmissor.” Pontuou Byancka De Lavor.

Byancka de Lavor, presidente da Apama Parauapebas

Na ocasião, a comunidade pôde observar diretamente as características morfológicas de vetores de doenças por microscópio.

Por: Hilda Barros