Parauapebas: Matéria-prima extraída da Amazônia é destaque no Congresso de Gestão do Conhecimento e Sociobiodiversidade das Áreas Protegidas de Carajás (CGBio)

Com a participação de expositores no Congresso de Gestão do Conhecimento e Sociobiodiversidade das Áreas Protegidas de Carajás (CGBio), o evento reúne instituições, produtores, empreendedores e artesãos de diversos lugares da Brasil que participam do congresso com mostras de seus produtores oriundos da natureza.

A matéria-prima vinda direto da floresta é destaque no congresso com foco em produtos extraídos da natureza como as sementes transformadas em adereços sustentáveis. As biojóias são produzidas por mulheres que conseguem transformar a biodiversidade em luxo, com a identidade ancestralidade e beleza da Amazônia. A produção das peças é artesanal, confeccionadas fio a fio, semente por semente que passam por um processo que ganham forma e cores.

Claudene Brito veio da cidade de Canaã dos Carajás, município localizado também no sudeste do estado, ela é responsável pelo estande das biojóias, além de trabalhar com o reaproveitamento de sementes naturais, cascas e palhas, a Ecocanaa recendente conseguiu desenvolver produtos oriundos das riquezas minerais com a produção de peças desenvolvidas com a Calcopirita, um aglomerado mineral de cobre e ferro.

Claudene Brito – artesã de Canaã dos Carajás 

Para a artesã, o CGBio é uma oportunidade de apresentar as riquezas produzidas na região com a matéria-prima que vem direto da floresta de Carajás, é o momento para que o público veja o potencial de produtos que trazem a características da natureza, uma forma de apresentar a biodiversidade da região que não está presente somente na extração do minério.

“ A cada evento desse as pessoas veem o potencial de produto, ver que tem pessoas que fabricam produtos que trazem a características da natureza. Tem pessoas que muitas das vezes não conseguem ter esse contato com a natureza e eles buscam essas regiões, igual aqui de Carajás, para a pessoa vê que aqui não é só minério e sim tem tantas essas belezas naturais que a gente pode reutilizar e manter tanto nosso bioma vivo e ter essa diversidade toda, tanto de produtos que a gente confecciona e pode levar para seus estados e ter essa lembrança.” Frisou.

No espaço montado no Parque de Exposições Lázaro de Deus em Parauapebas (FAP) o público que passa pelo local pode se deparar com uma variedade de produtos típicos da Amazônia, entre os produtos originários da região, o cacau ganha destaque, o Pará é o segundo maior produtor de cacau do país, e entre os municípios que se destacam no beneficiamento do fruto está Medicilândia, no sudoeste do Estado, o município é considerado a Capital do Cacau que conta com uma fábrica de chocolate.

A indústria surgiu da união de agricultores familiares que deu origem à Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (Coopatrans), que entrou em atividade em 2010 e tem como base a preservação do meio ambiente, a permanência e o bem-estar do homem no campo e a agregação de valor a partir do melhoramento da amêndoa utilizada na produção. O chocolate é produzido a partir de amêndoas selecionadas e fermentadas, dispensando o uso de corantes e aromatizantes artificiais.

No estande montado por Jazon Gonçalves, o público pode saborear o chocolate produzido direto da fábrica, uma experiência de sabores que surpreendeu a todos, principalmente aqueles que não conheciam o produto. Jazon explica as vantagens de consumir um produto confeccionado diretamente do fruto.

Jazon Gonçalves – proprietário da Cacauway

“ O produto ainda é muito pouco conhecido, e as pessoas ainda não sabem também distinguir o que é um bom chocolate, porque temos o produto no mercado que são produzidos por química, conservantes e aromatizantes e o bom chocolate ele não tem esses produtos, porque para fazer bem a saúde, ele tem que ser natural. A feira veio para impulsionar nosso produto e assim contribuir para desenvolvimento a região.” Destacou.

Além do chocolate é possível reaproveitar o fruto para a confecção de outros produtos como licores, amêndoas fermentadas e até embalagens produzidas com o reaproveitamento da folha do cacau, um trabalho que acontece sem degradar o meio ambiente e que atua na conservação da biodiversidade.

Embalagens produzidas com a folha do cacaueiro 

O cacau também estava representado por Canaã dos Carajás, que conta com uma fábrica no município e que tem transformado a vida dos produtores da localidade. Vicente Paulo Correia, trouxe a amostra produzida pela primeira fábrica do sul e sudeste do Pará, o que tem incentivado e impulsionado a economia da cidade por meio do reaproveitamento do fruto.

Para ele é uma oportunidade apresentar o produto fabricado na região, além de ser uma troca de conhecimento a todos que participam do evento.

Vicente de Paula – produtor de Canaã dos Carajás 

“ A gente vê no evento a oportunidade, tanto como na questão comercial quanto na troca de conhecimento. Aqui descobrimos a possibilidade para a região, Canaã e Parauapebas tem uma estrutura ótima, tem uma terra boa para o plantio do cacau e com a parte do beneficiamento do chocolate também presente, a gente pode criar na região até uma cadeia produtiva do cacau que será bem interessante para a parte produtiva quanto para o turismo.” Destacou Vicente de Paula.

E a variedade de produtos não para por aqui, além do cacau, frutos como cupuaçu e açaí também aparecem como destaque na venda dos produtos. A agricultora Perina Rodrigues da comunidade Paulo Fonteles atua com a produção de doces caseiros, confeccionados com o reaproveitamento das polpas das frutas típicas paraenses. Para ela o CGBio é uma oportunidade de negócios para o pequeno produtor rural, que aproveita a ocasião para divulgar os produtos.

Perina Rodrigues, agricultora da Vila Paulo Fonteles 

“ Eu achei muito interessante, sempre chamando os pequenos produtores para participar de feiras como essa. Muitos têm a curiosidade e ao provar o produto sempre volta para adquirir mais. Esse é um momento importante para todos, principalmente com a geração de renda para aqueles que vivem da confecção dos produtos artesanais.” Pontuou a agricultura.

Doces produzidos a partir do cupuaçu, açaí e da castanha do Pará  

Por: Hilda Barros