A perícia e a reconstituição do assassinato de 10 trabalhadores rurais em Pau D’Arco, no Pará, confirmam um cenário de execução, e o inquérito agora apura possíveis mandantes de um crime encomendado.
O “Fantástico” mostrou como foi a reconstituição do crime, ocorrido no dia 24 de maio. A reconstituição envolveu mais de 100 pessoas. Foram 50 atores e 50 policiais – ou como atores ou cuidando da segurança da simulação.
No dia 24 de maio, durante uma operação policial que cumpria 14 mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento na morte de um segurança da fazenda Santa Lúcia, dez trabalhadores foram assassinados a tiros.
Os detalhes do crime foram reproduzidos com a ajuda de dois policiais que participaram da operação e decidiram colaborar com a Justiça. Um deles confessou, por exemplo, ter atirado em um homem ferido, mas ainda vivo, no chão.
A reconstituição mostrou como os policiais usaram picapes para retirar os corpos do local antes da chegada de uma perícia inicial. A promotoria do caso diz que eles fizeram uma espécie de acordo para dizer que houve um cenário de confronto.
De acordo com a versão dos policiais, os assentados tinham um arsenal de armas de fogo e reagiram à presença dos policiais, e houve troca de tiros, que resultou nas mortes
A perícia, no entanto, não trabalha com a hipótese de que houve troca de tiros, e diz que não há elementos que mostrem que os acampados atiraram de volta.
As marcas de balas nos corpos das vítimas, concentradas no tórax e no abdome, são compatíveis com o cenário de execução. O inquérito está sendo concluído e vai incluir estas demonstrações de que houve a execução.
O próximo passo da investigação é apurar se as mortes foram encomendadas. A promotoria vê indícios de que os policiais agiram a mando de alguém, mas ainda não aponta nomes de suspeitos.
Cerca de 200 famílias continuam na região após o massacre, vivendo em condições precárias. As terras da fazenda são alvos de disputa há quatro anos. Há uma tentativa de vender as terras para o Incra, instituto responsável pela reforma agrária.
Mas o impasse aumentou depois que uma avaliação feita a pedida do Tribunal de Justiça do Pará mostra que uma parte da fazenda ocupa terras públicas. Anteriormente, autoridades federais e estaduais disseram que a área é particular.
Fonte: G1