O ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fábio Wajngarten, irritou o presidente e o relator da CPI da Covid durante seu depoimento nesta quarta-feira (12), ao ser questionado sobre frases do presidente Jair Bolsonaro contra as vacinas. Wajngarten respondeu: “Pergunte para ele”.
O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), queria saber se as declarações de Bolsonaro contrárias a vacinas causavam impacto na população. Wajngarten evitou responder apenas “sim” ou “não”, o que fez o relator repetir a questão diversas vezes.
“Você não pode dizer ‘pergunte a ele’. Você está aqui como testemunha. Sim ou não?”, disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).
Fabio Wajngarten deixou a Secretaria de Comunicação do governo em março deste ano, após quase dois anos no cargo.
Senadores querem que o empresário explique a declaração dada à revista “Veja” na qual disse que a “incompetência” do Ministério da Saúde causou atraso na compra de vacinas contra a Covid-19.
O depoimento de Wajngarten à CPI tem gerado apreensão entre governistas, segundo o colunista do G1 Gerson Camarotti. Isso porque a avaliação é a de que a fala sobre a “incompetência” do Ministério da Saúde colocou todo o governo como alvo da comissão.
“Incompetência e ineficiência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece”, declarou Wajngarten à revista.
Autor de um dos requerimentos de convocação do ex-secretário do Planalto, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também destaca outro trecho da entrevista, no qual Wajngarten disse ter se reunido com representantes da Pfizer em Brasília.
“[Wajngarten] informa possuir e-mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato, dentre outras provas para confirmar sua afirmação”, diz Randolfe.
Está é o quinto dia de depoimentos da comissão parlamentar de inquérito, que apura ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia de Covid e eventual desvio de verbas federais enviadas a estados e municípios.
Na condição de testemunha, o depoente se compromete a dizer a verdade, sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho.
Fonte: Por Marcela Mattos, Beatriz Borges e Paloma Rodrigues, G1 — Brasília